Comissão Europeia paga 813 milhões, contribuintes cinco vezes mais para a linha de alta velocidade Lisboa-Porto
É caso para dizer que a direita portuguesa entrou nos carris da alta velocidade ferroviária. Ao contrário de Pedro Passos Coelho, Luís Montenegro assume o projeto como um desígnio nacional, mesmo que venha a consumir avultados recursos públicos.
Como a CNN avançou em fevereiro, o chamado TGV não se paga a si próprio. “O projeto tem um défice de financiamento de cerca de 4,1 mil milhões de euros, o que representa uma taxa de défice de financiamento de 79,38%”, está escrito na análise custo-benefício da linha Porto-Lisboa, que os consultores da TIS elaboraram para a empresa pública Infraestruturas de Portugal.
O Governo da AD, no entanto, assume politicamente esse investimento. “A alta velocidade é estratégica e essencial para o nosso país, para tornar o país mais enxuto, mais próximo, para as duas áreas metropolitanas e os aeroportos de Lisboa e do Porto funcionarem sinergicamente”, defende o ministro das Infraestruturas e Habitação, em declarações à CNN.
A Comissão Europeia anunciou esta quarta-feira um subsídio de 813 milhões de euros às duas primeiras fases do projeto, Porto-Oiã e Oiã-Soure. Até ao Carregado, o que incluirá uma terceira PPP, o projeto está orçamentado em 6,5 mil milhões. O troço final, Carregado-Lisboa, não está ainda orçamentado. O ministro congratula-se porque este subsídio a fundo perdido corresponde a 92% do valor a que Portugal se tinha candidatado. “Ora, isto ajuda à sustentabilidade de toda a operação, porque a operação irá viver da taxa de utilização da própria via, mas também de nos financiarmos através da Europa”, considera Miguel Pinto Luz.
O governante acredita que o crescimento económico e a transferência de passageiros da rodovia para a ferrovia ajudarão o TGV português a equilibrar as contas e, até, a tornar-se rentável.
