Governo recusa mudar TGV para margem esquerda do rio após engenheiros garantirem ser "mais barato e eficaz"

11 jun, 22:00
Parlamento dá ‘luz verde’ ao TGV (evitando o desperdício de 700 milhões de euros)

Gabinete de Miguel Pinto Luz explica que o traçado até ao Carregado está decidido, mas admite que daqui até Lisboa, a linha de Alta Velocidade vai ter de mudar para ser ligada ao novo aeroporto em Alcochete

O executivo está decidido a avançar com a Linha de Alta Velocidade entre o Porto e Lisboa pela margem direita do Tejo até ao Carregado, apesar de um grupo de engenheiros garantir que, com o novo aeroporto em Alcochete, seria mais barato mudar a localização do TGV para a margem esquerda.

Segundo informação do gabinete do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, "o traçado para o troço Soure-Carregado encontra-se estabilizado, sendo submetido muito breve a Avaliação de Impacte Ambiental".

Assim, o Governo adianta que não irá mudar o que estava decidido: do Porto ao Carregado, o TGV seguirá como previsto. Uma solução que, como noticiou a CNN Portugal, é contestada por um grupo de engenheiros que garante ter um traçado "mais barato e mais eficaz" do que este que do Governo que foi elaborado em 2008, época em que o Aeroporto era na Ota - isto é, na margem direita do rio.

Diferença entre os dois traçados começa em Soure 

A grande diferença entre os dois traçados só começa junto da zona de Pombal/Soure. Aqui, o traçado do grupo de engenheiros corre por Leiria e em Santarém atravessa o Rio Tejo, alinhando-se aí pela margem esquerda até ao futuro aeroporto, em Alcochete, onde vai depois para Lisboa através da terceira travessia do Tejo, cuja construção também já foi anunciada. 

Já o traçado que está aprovado pela IP, quando chega a Soure segue pela margem direita do Rio Tejo até ao Carregado e aqui vai até Lisboa, através da Linha do Norte que será quadruplicada.

"O traçado alternativo é mais rápido, mais eficaz e mais barato", frisa  João Santos Silva, um dos engenheiros que pede a mudança, garantindo que em 2010 chegou a fazer-se um estudo que analisava os custos das duas opções e a da margem esquerda era “mil milhões de euros mais barata". Agora, acrescenta, “mesmo que os valores tenham mudado, continuam a ser muitos milhões a menos." 

O tema promete, porém, gerar polémica nos próximos tempos, uma vez que já há várias vozes a levantaram dúvidas sobre a opção de Miguel Pinto Luz. A ADFERSIT - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes, que junta vários engenheiros, fez já um comunicado a anunciar ser urgente rever o traçado do TGV, tendo em conta a localização do NAL. "O novo aeroporto deve ser servido diretamente pela Rede de Alta Velocidade o que implicará, no imediato, a revisão dos atuais traçados da ligação Porto-Lisboa", defende a associação num comunicado, onde apela ao Governo que tome medidas.

Pinto Luz admite novo traçado entre Carregado e Lisboa

No entanto, de acordo com informação enviada à CNN Portugal, pelo gabinete do ministro, a única questão relativa ao TGV entre Porto e Lisboa que o Governo vai analisar é a partir do Carregado. Recorde-se que este projeto do TGV tem três fases de execução: Porto – Soure; Soure – Carregado e Carregado-Lisboa.

É apenas neste último que o executivo de Luís Montenegro vai fazer mudanças para ligar a Alta Velocidade ao Novo Aeroporto de Lisboa. Para isso, adianta ainda o Governo, será feita em breve um "O estudo do traçado Carregado-Lisboa" que "terá em consideração a definição da localização do novo aeroporto de Lisboa".

Aliás, à CNN Portugal, o gabinete de Pinto Luz recorda ainda que "a Resolução do Conselho de Ministros n.º 68/2024 de 27 de maio determina a constituição de um grupo de trabalho conjunto com a Infraestruturas de Portugal, S. A., o Instituto da Mobilidade e dos Transportes, I. P., e a ANA — Aeroportos de Portugal, S. A., para a análise das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias ao novo aeroporto de Lisboa.”

No entanto, há já planos em cima da mesa, nomeadamente para aquela zona do Carregado de forma que a Linha de Alta Velocidade possa ser ligada ao Novo Aeroporto em Alcochete. Assim, segundo adiantou à CNN Portugal Carlos Fernandes, vice-presidente das Infraestruturas de Portugal que tem o projeto do TGV entre mãos, poderá ser construída uma outra ponte no Carregado para que o TGV possa atravessar o Rio Tejo nessa travessia até ao NAL e daqui chegue a Lisboa.

Tudo indica que, perante a decisão de colocar o aeroporto em Alcochete, há já um novo trajeto do TGV entre Porto e Lisboa: vai do Porto até ao Carregado pela margem direita, atravessa para a margem esquerda numa ponte do Carregado, passa em Alcochete e segue para Lisboa pela Terceira Travessia do Tejo que ligará Chelas ao Barreiro. 

Um traçado que irá, porém, obrigar a que a viagem entre as duas principais cidades seja maior e dure mais do que 1 hora e 15 minutos – o tempo que estava previsto demorar. Segundo a IP, o tempo não excederá a 1:30.

Neste momento, o projeto do TGV entre Porto e Lisboa já está em curso, existindo três fases: a primeira do Porto a Soure que já foi aprovada; a segunda de Soure ao Carregado prevista para 2026 e a terceira de Carregado a Lisboa, com data apontada para 2030.

A posição do Governo indica que Luís Montenegro não parece disposto a criar uma comissão qye compare as duas opções de traçado como foi feito para o aeroporto e como pedem os engenheiros que avisam não entender como se mantém um traçado que foi  quando a ideia "era construir o aeroporto na Ota",  "Agora não faz sentido nenhum", diz João Santos Silva, acreditando que o País "só tem a ganhar" em debater infraestruturas como a linha do TGV.

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