Antes do sismo que assustou o país esta segunda-feira, o maior em território continental foi há algumas décadas. E foi maior que um susto, matou pessoas mesmo
"Noite de pânico: o país foi sacudido de madrugada por um forte sismo", dizia a primeira página do entretanto extinto "Diário de Lisboa". Os testemunhos relatados pelo jornal descreviam o quão assustadora e preocupante tinha sido aquela madrugada: "Fugi para o telhado quando aquilo começou a tremer, depois fiquei ali, sem roupa".
A 28 de fevereiro de 1969, as regiões de Lisboa e do Algarve foram as que mais sentiram um terramoto de 7,9 na escala de Richter, o maior em Portugal Continental antes do sismo desta segunda-feira. Sentido também em Espanha e Marrocos, o terramoto matou 13 pessoas e causou dezenas de feridos em Portugal. Em Espanha morreram sete pessoas, em Marrocos 11.
Uma testemunha descreveu ao "Diário de Lisboa" que havia "pessoas de robe e de pijama no hall do Ritz". O mesmo jornal avançava ainda a informação de que "ficaram danificados muitos automóveis estacionados nas ruas".
Por outro lado, o "Diário de Notícias" partilhava na sua capa que não tinha conhecimento de "vítimas ou grandes estragos", algo que não se viria a comprovar posteriormente. O jornal escrevia ainda que "Lisboa veio toda para a rua" e que também cidades como Porto, Coimbra e Guimarães tinham sentido o abalo.
Dois dias depois, o jornal matutino de Lisboa "O Século" relatava novos detalhes sobre aquela noite, com a descrição de vários prejuízos registados por todo o país e a informação de que "700 doentes foram retirados do Hospital de S. José".
O pânico daquele 28 de fevereiro, em que pessoas fugiram para a rua pelas 03h41, foi acentuado pela ocorrência de cortes de energia elétrica e telecomunicações. Saber de familiares e amigos tornou-se quase impossível e aumentou a angústia da população. Após o primeiro abalo, entre as 03:41 e as 03:45, a terra voltou a tremer pelas 5:28, tudo isto numa noite fria e chuvosa.
Na região do Algarve, onde o terramoto terá sido ainda maior - 8 na escala de Richter -, as regiões de Portimão, Vila do Bispo, Bensafrim e Castro Marim foram as mais afetadas. O epicentro foi perto, localizado a cerca de 200 quilómetros de Sagres, a sudoeste do Cabo de São Vicente, em pleno oceano Atlântico.
Diversos marégrafos fixados em diferentes pontos da costa portuguesa, espanhola e marroquina relataram ainda a ocorrência de um pequeno tsunami.
