Nadal: «Aos 17 disseram-me que podia nunca mais jogar profissionalmente»

18 dez 2024, 09:46
Rafael Nadal (DANIEL PEREZ/EFE/EPA)

Astro do ténis mundial retirou-se das competições profissionais este ano

Rafael Nadal é um figura incontornável do ténis mundial. O antigo tenista de 38 anos retirou-se depois da última edição da Taça Davis e fez agora uma reflexão da longa e titulada carreira.

Um percurso que ficou marcado, para além dos troféus, de algumas lesões e uma delas, quase hipotecou a carreira do espanhol e está ligada a Portugal e ao Estoril Open, corria o ano de 2004.

«Magoei-me quando tinha 17 anos e disseram-me que provavelmente nunca mais voltaria a jogar ténis profissionalmente. Aprendi que as coisas podem acabar num instante. Não é apenas uma pequena fissura no meu pé, é uma doença. Não há cura, apenas controlo. Síndrome de Mueller-Weiss. O que é que isso quer dizer? Passa-se da maior alegria para o acordar na manhã seguinte sem poder andar», começou por dizer Nadal ao jornal The Players Tribune.

«Passei muitos dias em casa a chorar, mas foi uma grande lição de humildade e tive a sorte de ter um pai - a verdadeira influência que teve na minha vida - que foi sempre tão positivo. 'Vamos encontrar uma solução', disse ele. 'E se não encontrarmos, há outras coisas na vida para além do ténis.' Ao ouvir aquelas palavras, mal consegui processar a situação, mas, graças a Deus, depois de muitas dores, cirurgias, reabilitação e lágrimas, foi encontrada uma solução e, durante todos estes anos, consegui lutar contra ela.»

O ídolo Carlos Moyà, primeiro espanhol número um do Mundo, o gosto pela pesca ou os primeiros torneios foram relembrados pelo astro do ténis, mas o controlo emocional durante a longa carreira sempre mereceu a maior preocupação para Nadal.

«Há alguns anos, passei por um momento muito difícil, a nível mental. Estava muito habituado à dor física, mas houve alturas no campo em que tive dificuldade em controlar a minha respiração e não consegui jogar ao mais alto nível. Agora não tenho problemas em dizer isto. Afinal de contas, somos seres humanos, não super-heróis. A pessoa que se vê no court central com um troféu é uma pessoa. Exausta, aliviada, feliz, agradecida - mas apenas uma pessoa. Felizmente, não cheguei ao ponto de não conseguir controlar coisas como a ansiedade, mas há momentos em todos os jogadores em que é difícil controlar a mente e, quando isso acontece, é difícil ter o controlo total do jogo. Houve meses em que pensei em fazer uma pausa total do ténis para limpar a minha mente. No final, trabalhei nela todos os dias para melhorar. Conquistei-o seguindo sempre em frente e, lentamente, voltei a ser eu próprio. O que mais me orgulha é o facto de ter lutado, mas nunca ter desistido. Dei sempre o máximo», atirou o espanhol de 38 anos.

Nesta longa entrevista, Nadal terminou a reflexão da sua carreira, em que ao todo, conquistou uns impressionantes 92 títulos, com destaque para os 14 troféus em Roland Garros, com uma certeza:

«Há mais de 30 anos que dou tudo o que posso a este jogo e, em troca, recebo alegria e felicidade. Alegria e felicidade, amor e amizade, e muito mais.»

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