Houve tempestade durante a madrugada. Há escolas que estão fechadas por causa disso. Circulação ferroviária condicionada. Várias estradas - incluindo autoestradas - cortadas
A noite foi de sobressalto no Norte do país por causa da tempestade Kirk. Com mais de 1.600 ocorrências registadas entre as 18:00 de terça-feira e as 10:00 desta quarta-feira, a tempestade afetou principalmente a Área Metropolitana do Porto, Alto Minho e Sub-Região do Cávado.
Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), das 1.608 ocorrências 77% são quedas de árvores.
Nestas ocorrências foram empenhados 4.773 operacionais, sendo que a Área Metropolitana do Porto é a mais afetada, com 454 ocorrências.
Árvore sobre uma escola
Em Vila Pouca de Aguiar, as escolas do concelho do distrito de Vila Real estão fechadas por causa da tempestade, que provocou falhas de eletricidade, informou a câmara.
Também o Agrupamento de Escola Doutor Bento da Cruz, em Montalegre, fechou as escolas por precaução devido às condições meteorológicas adversas de vento forte e chuva. Em comunicado dirigido à comunidade educativa, o agrupamento deu contou de que decidiu que hoje não haverá atividades letivas nas escolas deste agrupamento.
Já a Escola Secundária Alexandre Herculano, no Porto, vai estar encerrada durante toda a manhã devido à queda de três árvores no interior do recinto escolar, disse à Lusa fonte da autarquia.
De acordo com a fonte, os trabalhos de remoção e limpeza deverão ficar concluídos durante a manhã, pelo que no período da tarde já deverá haver aulas.
Por sua vez, em Braga, a falta de energia devido ao mau tempo levou ao encerramento de escolas em Moure e em Prado, concelho de Vila Verde, havendo ainda a “probabilidade forte” de cheias na zona ribeirinha do Cávado.
Árvore sobre um carro com pessoa dentro
A queda de uma árvore em São Miguel do Mato, Vouzela, provocou um ferido ligeiro e obrigou ao corte da Estrada Nacional (EN) 16. Segundo fonte do comando sub-regional de Viseu Dão Lafões, cerca das 08:00 a árvore atingiu uma viatura que circulada na EN16, provocando ferimentos leves numa pessoa, que foi transportada para o hospital de Viseu.
“A estrada ficou cortada em ambos os sentidos. Às 08:44 foi feita a abertura de uma das faixas, com o trânsito alternado”, acrescentou.
Para esta ocorrência deslocaram-se 13 operacionais, apoiados por quatro veículos.
Segundo a fonte do comando sub-regional de Viseu Dão Lafõeso vento e a chuva provocaram outras quedas de árvores na região, mas não provocaram danos.
Já no Porto, são sobretudo árvores que caiem e outras estruturas que se soltam devido às fortes rajadas de vento, que estão a provocar danos materiais, nomeadamente em viaturas estacionadas e em postos de eletricidade.
No concelho de Vila Nova de Gaia, por exemplo, “não há freguesia onde não haja homens a trabalhar” devido à tempestade.
Fonte da proteção civil de Gaia disse que nalgumas zonas do concelho, nomeadamente da Avenida dos Descobrimentos, em Gaia, por exemplo, uma árvore caiu em cima de um posto de abastecimento de eletricidade, estando aguardar-se a chegada do piquete da EDP.
Em Matosinhos, Vila do Conde, Maia e Porto, a situação é idêntica - muitas árvores caídas, estando a prever-se “o caos” na circulação do trânsito durante o dia, devido sobretudo às árvores e ramos que caem para a via pública.
Camião tombado
A circulação rodoviária da Avenida AEP, no sentido Matosinhos-Porto, junto ao Norteshopping, que esteve hoje cortada devido à queda de uma árvore, já foi restabelecida, disse à Lusa fonte da PSP.
De acordo com a fonte, os trabalhos de corte e remoção da árvore que caiu naquele local devido ao temporal já se encontram em fase de conclusão e o trânsito já circula.
Esta foi uma de várias vias que estiveram encerradas durante a madrugada e manhã devido ao temporal que se tem feito sentir na região.
Em declarações à Lusa, fonte da Câmara do Porto disse que, além das árvores que caíram, foi necessário proceder de forma preventiva ao corte de outras para evitar maiores danos.
Foi o que aconteceu, por exemplo, na Rua Sá da Bandeira, na Rua Guerra Junqueiro ou na Avenida Fernão de Magalhães.
Também em Vila Real, uma árvore caiu depois das 07:30 e ocupou as duas faixas de rodagem da avenida Aureliano Barradas, no sentido da rotunda do quartel para o centro da cidade, levando os automobilistas a passar por cima do passeio para prosseguir viagem. Caiu também uma árvore na Estrada Nacional 2 (EN2), perto de Vilarinho da Samardã, e uma outra atingiu um carro num dos bairros da cidade de Vila Real.
Já em Vila Pouca de Aguiar um camião tombou no viaduto da Autoestrada 24. Segundo a GNR, o camião tombou no tabuleiro do viaduto numa altura em que se registava vento muito forte, na direção Suporte (Vila Áreas-Chaves), estando a causar constrangimentos na circulação rodoviária naquela autoestrada.
O viaduto possui cerca de 1.300 metros de comprimento e 90 metros de altura máxima. Por precaução, e por não estarem reunidas as condições de segurança, as autoridades resolverem cortar a A24, nos dois sentidos pelas 09:45 desta manhã.
Estradas cortadas
Três estradas nacionais e uma autoestrada estão cortadas nas regiões Norte e Centro devido a constrangimentos causados pelo mau tempo, que também condicionou a circulação ferroviária em quatro linhas.
Em comunicado, fazendo um ponto de situação, às 11:00, relativo à circulação rodoviária e ferroviária, a IP informa que está cortada a Estrada Nacional 12 (EN12) na zona do Freixo (Porto), bem como a EN238, em ambos os sentidos, entre a Sertã e Ribeira da Serra, a EN246-1 em Marvão à passagem pela localidade da Portagem, bem como a autoestrada A24, nos dois sentidos, entre os nós de Fortunho e do IP4 Vila Real.
Circulação ferroviária condicionada
Segundo a Infraestruturas de Portugal, estão condicionadas quatro linhas ferroviárias, pois “ao longo da noite foram registadas várias ocorrências, relacionadas com quedas de árvores e objetos tombados na via, situações que levaram a suspensões pontuais da circulação, originando alguns atrasos”.
Cerca das 11:00 registavam-se ainda condicionamentos na Linha do Minho devido a falha de tensão elétrica entre Caminha e Valença, só sendo possível a circulação com tração a diesel neste troço.
A Linha de Guimarães tem a circulação suspensa entre Santo Tirso e Guimarães.
Na Linha do Douro, acrescenta, “a circulação procede-se com marcha a vista em vários pontos da linha”, enquanto na Linha do Vouga “registam-se penalizações acentuadas”.
“A Infraestruturas de Portugal tem as suas equipas a trabalhar no terreno, em articulação com os diversos agentes de Proteção Civil, dando resposta imediata às várias ocorrências, com o objetivo de mitigar os seus efeitos e visando uma mais rápida reposição das condições de circulação e segurança”, assegura a empresa que aproveita para apelar à adoção de comportamentos adequados de autoproteção”, refere.
Rio Vez galga margens e inundou largo da Valeta em Arcos de Valdevez
O rio Vez, em Arcos de Valdevez, galgou as margens e inundou a zona histórica da Valeta, um parque de estacionamento e uma unidade hoteleira, disse o vereador com o pelouro da proteção civil.
Contactado pela agência Lusa, Olegário Gonçalves adiantou que “há três pontes cortadas e dois pavilhões municipais inundados”, considerando tratar-se de “uma das maiores cheias dos últimos anos”.
A subida das águas do rio Vez, em Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, um dos principais afluentes do rio Lima, começou a registar-se durante a madrugada e galgou as margens a partir das 08:00.
O vereador da Proteção Civil adiantou que o mau tempo causou a queda de mais de 40 árvores no concelho e há “aldeias sem eletricidade” devido à queda de postes de abastecimento de energia.
Segundo o comandante dos bombeiros voluntários de Arcos de Valdevez, Filipe Guimarães, “não há vítimas a registar”, mas a queda de árvores “provocou danos consideráveis em muros de habilitações, vedações, entre outros”.
Braga foi o concelho mais fustigado
A região do Cávado registou 111 ocorrências devido ao mau tempo desde o final da tarde de quarta-feira, sendo o concelho de Braga o mais fustigado, disse fonte da Proteção Civil.
Segundo o comandante da Sub-Região do Cávado da Proteção Civil, Manuel Moreira, o “grosso” das ocorrências está relacionado com quedas de árvores.
Registaram-se ainda “cortes pontuais” em algumas estradas, mas só durante o tempo necessário para a remoção das árvores.
“O concelho de Braga teve mais de dois terços das ocorrências”, referiu.
Manuel Moreira disse ainda que houve também interrupção de linhas ferroviárias e alguns cortes no fornecimento de energia.
“Temos dado uma resposta musculada, envolvendo todos os agentes, e as situações vão sendo resolvidas”, disse ainda.
Manuel Moreira sublinhou que não há quaisquer vítimas a registar.
O Comando Sub-Regional do Cávado abrange os municípios de Braga, Esposende, Barcelos, Amares, Vila Verde e Terras de Bouro.
Cerca de 175 mil clientes sem energia, sobretudo no norte
Cerca de 175 mil pessoas estavam às 11:45 sem eletricidade devido ao mau tempo que assola o país, sendo os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto e Aveiro os mais afetados, adiantou hoje a E-Redes.
Em comunicado, a empresa do grupo EDP referiu que às 11:45 já haviam sido resolvidas 55% das ocorrências registadas depois de, às 09:00, o número de clientes sem energia se cifrar nos 400 mil.
A principal causa das avarias tem sido quedas de árvores e projeção de ramos que têm danificado postes e condutores, explicou.
“Até esta altura, estão instalados no terreno 50 geradores para minimizar o impacto associado a estas avarias na rede elétrica”, revelou a E-Redes.
A empresa salientou que a rede está mais estabilizada devido ao abrandamento da tempestade. Mas, devido à gravidade dos danos, a reposição de energia será demorada, alertou.
A E-Redes revelou que no terreno estão cerca de 800 operacionais, tendo os constrangimentos causados na rede elétrica, devido à tempestade Kirk, começado a sentir-se às 05:00.
A empresa do grupo EDP, responsável pela operação da rede de distribuição de energia elétrica em Portugal continental em baixa, média e alta tensão, salientou ter ativado o Plano Operacional de Atuação em Crise às 21:00 de terça-feira, com todo o dispositivo operacional dedicado ao estado de alerta em vigor.