Um "evento climático extremo na Europa". No primeiro dia do ano, houve cidades a chegar quase aos 25 graus

3 jan 2023, 12:07
Miedzyzdroje, Polónia (EPA)

Temperaturas consideradas recorde pelos meteorologistas foram registadas um pouco por toda a Europa e foram causadas por uma massa de ar quente vinda da costa oeste de África

O dia mais quente de janeiro de sempre foi registado em, pelo menos, oito países europeus, no primeiro dia do ano, de acordo com dados recolhidos pelo climatologista Maximiliano Herrera. O especialista, que analisa as temperaturas extremas, dá conta que foram registados valores recorde na Polónia, Dinamarca, República Checa, Países Baixos, Bielorrússia, Lituânia e Letónia.

De acordo com os dados divulgados, Korbielów, na Polónia, atingiu os 19 graus Celsius. Segundo o The Guardian, esta temperatura é normal em maio e está 18 graus acima da temperatura habitual para janeiro.

Já em Javorník, na República Chega, os termómetros chegaram aos 19,6º C, muito superior aos 3ºC normais da época.

Em Vysokaje, na Bielorrússia, onde os termómetros costumam rondar os zero graus na passagem de ano, foram registados 16,4º C no primeiro dia do ano. 

Já na segunda-feira, Herrera anunciou que, na Alemanha, 982 estações meteorológicas do país bateram recordes, com 19,4º C a ser a temperatura mais elevada no país no primeiro dia do ano.

Também o norte de Espanha e o sul de França tiveram temperaturas bem acima do normal, com 24,9°C a serem registados em Bilbao, o dia mais quente de janeiro, e recordes quebrados nas estações da Cantábria, Astúrias e região basca. Já no Chipre, os termómetros chegaram aos 24,5ºC.

Já na Ucrânia, onde antes do Natal chegou a nevar, os termómetros subiram acima de zero. Em Lviv chegaram mesmo aos 14,9º C. E na Rússia aos 19,2º C em Makhachkala.

Noruega, Grã-Bretanha, Irlanda, Itália e o sudeste do Mediterrâneo não divulgaram os registos das temperaturas.

"Evento climático extremo na Europa"

"Podemos considerar isto como o evento mais extremo da história europeia. Vejam o caso da onda de calor extrema de julho de 2022 no Reino Unido e espalhem este sigma (magnitude) numa área muito maior, abrangendo cerca de 15 países. Podemos dizer que esta é a primeira vez que um evento climático extremo na Europa (em termos de calor extremo) é comparável ao mais extremo na América do Norte", explicou Herrera ao The Guardian.

A opinião do climatologista é secundada por Alex Burkill, meteorologista sénior do serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, que concordou que se trata de um evento extremo meteorológico.

“Tem sido um calor extremo em uma área enorme, o que é quase, para ser honesto, inédito”, afirmou ao The Guardian, acrescentando que uma massa de ar quente que se desenvolveu na costa oeste de África viajou para o nordeste através da Europa a partir de Portugal e Espanha, puxada pela alta pressão sobre o Mediterrâneo.

Segundo o meteorologista, "tem sido generalizado, Dinamarca, República Checa e praticamente toda a Alemanha viram as temperaturas a superar os recordes de janeiro”.

“Também vale a pena notar que tivemos um clima excepcionalmente quente no sul de Inglaterra. Na véspera de Ano Novo, acho que sete locais no sul da Inglaterra registaram a véspera de Ano Novo mais quente de todos os tempos."

Apesar da massa quente ter passado por Portugal, no Continente, o final do ano foi marcado por chuva e vários distritos em aviso vermelho no norte do país e 2023 arranca com uma trégua na precipitação. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, "nos próximos dias prevê-se céu pouco nublado ou limpo", mas também uma descida ligeira das temperaturas, quer máximas quer mínimas, entre os três e os quatro graus.

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