Revelado o primeiro fragmento de futuro mapa do Universo

Agência Lusa , PP
15 out, 19:44
Espaço

O telescópio Euclid, enviado para o espaço em julho de 2023 com tecnologia portuguesa a bordo, vai observar as formas, as distâncias e os movimentos de milhares de milhões de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz e, ao fazê-lo, vai gerar o maior mapa cósmico tridimensional

A missão do telescópio espacial europeu Euclid revelou hoje o primeiro fragmento do seu futuro grande mapa do Universo, que concentra milhões de estrelas e galáxias que correspondem a 1% do que vai ser mostrado em seis anos.

O primeiro pedaço do mapa foi exibido esta terça-feira pelo diretor-geral da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), Josef Aschbacher, no Congresso Internacional de Astronáutica, que decorre até sexta-feira em Milão, Itália.

O "mosaico" contém 260 observações feitas entre 25 de março e 08 de abril e em duas semanas o telescópio "varreu" uma extensão do céu austral equivalente em mais de 500 vezes a área da Lua cheia.

O telescópio Euclid, enviado para o espaço em julho de 2023 com tecnologia portuguesa a bordo, vai observar as formas, as distâncias e os movimentos de milhares de milhões de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz e, ao fazê-lo, vai gerar o maior mapa cósmico tridimensional.

O primeiro fragmento do mapa apresenta estrelas da Via Láctea e de outras galáxias, sendo que 14 milhões destas galáxias "podem ser usadas para estudar a influência oculta da matéria escura e da energia escura no Universo", refere a ESA em comunicado.

A ESA destaca ainda nas imagens reveladas "nuvens escuras entre as estrelas" da Via Láctea, que "aparecem em azul claro sobre o fundo preto do espaço" e que "são uma mistura de gás e poeira".

Desde que a missão Euclid começou as observações científicas de rotina, em fevereiro, 12% do rastreio do céu ficou completo.

Os dados cosmológicos recolhidos no primeiro ano da missão serão divulgados em 2026.

Em novembro de 2023, a ESA divulgou as cinco primeiras imagens do Universo registadas pelo telescópio espacial, no caso do aglomerado de galáxias Perseus, da galáxia espiral IC 342, da galáxia anã irregular NGC 6822, do enxame globular NGC 6397 e da Nebulosa Cabeça de Cavalo.

Posicionado a 1,5 milhões de quilómetros de distância da Terra, o telescópio Euclid vai observar, durante seis anos, milhares de milhões de galáxias (sobre as quais a matéria e a energia escuras geram efeitos na sua estrutura, forma, distribuição, movimento e evolução) em mais de um terço do céu e "recuando" até 10 mil milhões de anos-luz.

Juntas, a energia escura e a matéria escura compõem 95% do Universo que continua por desvendar.

A missão da ESA é a primeira que foi concebida para tentar compreender o que está efetivamente a acelerar a expansão do Universo e que, segundo as teorias cosmológicas, se deve à energia escura, uma misteriosa força que se opõe à atração gravitacional.

O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço está envolvido no planeamento das cerca de 50 mil observações de galáxias que o telescópio vai fazer ao longo da sua missão.

Empresas portuguesas produziram diversos componentes do telescópio espacial.

Pela primeira vez, Portugal ocupa um lugar de destaque numa missão espacial da ESA ao fazer parte de um consórcio que foi criado para desenvolver, construir e explorar o telescópio.

Euclid é o termo em inglês para Euclides, nome do matemático da Grécia antiga considerado o "pai" da Geometria e que a ESA quis homenagear.

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