ONU alerta para "quantidades preocupantes" de urânio enriquecido pelo Irão

Agência Lusa , AM
20 dez 2022, 10:57
Mina de urânio (arquivo)

Irão assinou, em 2015, com a Alemanha, a França, o Reino Unido, a Rússia e a China, além da participação indireta dos Estados Unidos, um acordo sobre produção de energia nuclear, que limitou o programa atómico iraniano em troca do levantamento de sanções económicas ao país

A ONU alertou esta terça-feira que o Irão enriqueceu “quantidades preocupantes” de urânio, processo que permite produzir armas nucleares, e avisou para o risco da falta de progressos para relançar o acordo de limitação do nuclear iraniano.

“Apesar dos esforços que os participantes do acordo e os Estados Unidos têm feito, desde abril de 2021, para resolver as diferenças existentes, os Estados Unidos e o Irão ainda não conseguiram voltar a reativar plena e efetivamente o acordo”, lamentou a secretária-geral adjunta para Assuntos Políticos da ONU, Rosemary DiCarlo, no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O Irão assinou, em 2015, com a Alemanha, a França, o Reino Unido, a Rússia e a China, além da participação indireta dos Estados Unidos, um acordo sobre produção de energia nuclear, que limitou o programa atómico iraniano em troca do levantamento de sanções económicas ao país.

No entanto, em 2018, a administração do ex-Presidente norte-americano Donald Trump abandonou o acordo unilateralmente e reintroduziu pesadas sanções ao Irão, o que levou Teerão a, um ano depois, voltar aos seus esforços nucleares e ao enriquecimento de urânio.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) “comunicou a intenção do Irão de instalar novas centrifugadoras [para enriquecimento de urânio] na central de Natanz e de produzir mais urânio enriquecido a 60%”, referiu Rosemary DiCarlo.

O acordo assinado em 2015 limitava o enriquecimento de urânio pelo Irão a 3,67%.

“Embora a agência não tenha conseguido verificar a quantidade de urânio enriquecido armazenado no país, é estimado que o Irão tenha mais de 18 vezes a quantidade permitida pelo acordo nuclear, o que inclui quantidades preocupantes de urânio enriquecido a 20% e a 60%”, disse a responsável da ONU, que pediu a Teerão para “reverter as medidas que tem tomado desde julho de 2019 e que não cumpram os seus compromissos nucleares”.

Rosemary DiCarlo também pediu aos Estados Unidos para que “retirem ou não apliquem” as sanções impostas ao Irão, incluindo “ao comércio de petróleo”, embora tenha enfatizado que “é importante que Teerão aborde as preocupações levantadas pelos participantes do acordo e outros Estados-membros” sobre o programa balístico iraniano.

A Ucrânia, a França, a Alemanha, o Reino Unido e os Estados Unidos apresentaram queixas sobre a entrega à Rússia pelo Irão de 'drones' (aeronaves não tripuladas) para uso na guerra na Ucrânia, afirmou DiCarlo, adiantando que o seu gabinete “está a examinar as informações disponíveis e informará o Conselho [de Segurança da ONU] das conclusões”.

Apesar do impasse das negociações, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Hossein Amir-Abdollahian, encontrou-se hoje, na Jordânia, com o responsável pela diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, numa reunião em que também participaram o coordenador europeu que supervisiona as negociações em Viena, Enrique Mora, e o negociador-chefe do Irão, Ali Bagheri.

Amir-Abdollahian admitiu, na segunda-feira, que o encontro na Jordânia constituiu “uma oportunidade” para relançar as negociações sobre a questão nuclear iraniana.

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