A "Longa jornada para a noite” poderá ser o fim "com chave de ouro" para Ricardo Pais

Agência Lusa , SS
19 abr 2023, 20:45
Ensaio de imprensa da peça "Longa Jornada Para a Noite" de Eugene O’Neill com encenação de Ricardo Pais

O encenador Ricardo Pais admitiu que a direção da peça de Eugene O'Neill, que estreia no Porto esta quinta-feira, pode mesmo ser o seu último projeto

Um fim de carreira "com chave de ouro": o encenador Ricardo Pais admitiu que a direção da peça “Longa jornada para a noite”, de Eugene O'Neill, que estreia no Porto esta quinta-feira, pode mesmo ser o seu último projeto. Em declarações à margem do ensaio de imprensa no Teatro Nacional São João (TNSJ), que vai ter o espectáculo em cena até 7 de maio, o encenador, de 78 anos, frisou que a apresentação desta obra ocorre “num momento fantástico”.

Questionado sobre novos projetos, Ricardo Pais começou por assegurar que “não há mais nada” em vista, para depois concordar que está “sempre a dizer” que vai descansar, mas que acaba por se deixar tentar. Ainda assim, vincou que caso termine a sua carreira no teatro português após a apresentação desta “estaria a fechar [a carreira] com chave de ouro”.

A peça, do nobel da literatura Eugene O´Neill, divide-se em quatro atos, tem uma duração de três horas e reúne em palco Emília Silvestre, Joana Africano, João Reis, Pedro Almendra e Simão do Vale Africano. O encenador revelou que a oportunidade de encenar “Longa jornada para a noite” nasceu numa reunião com o ator Albano Jerónimo e o encenador Nuno Cardoso, sobre outro projeto, tendo este último, atual diretor artístico no Teatro Nacional São João, lançado o desafo para que assumisse a direção do espetáculo, numa coprodução Ensemble – Sociedade de Atores e TNSJ.

“E eu pensei que isto já se arrasta há tanto tempo e que eu já tinha feito na escola, em Inglaterra, a cena dos dois irmãos no quarto ato, em 1971 ou 1972, e aceitei. Fui logo falar com a Emília [Silvestre]”, relatou.

O ator João Reis destacou o “significado simbólico depois de se ter estreado no [teatro] São João, com Ricardo Pais em 1996, para um reencontro 27 anos depois”. Sobre o desempenho em palco afirmou tratar-se de “um texto difícil, duro, intenso (…) e que há de deixar marcas no público da mesma forma que deixa em nós”. A peça dura quase três horas porque “os textos longos são um falso mito”.

Para a atriz Emília Silvestre, o texto “exige verdade” no desempenho dos atores, alertando depois para o que entende ser o essencial da peça: “Aqui não há fogo-de-artifício, balões ou efeitos especiais, são as palavras, são as relações humanas e isso fica sempre na memória das pessoas”.

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