Autoridades austríacas dizem que o principal suspeito "está claramente radicalizado". Queria "matar os não crentes" em três concertos de Taylor Swift em Viena. Serviços secretos dos EUA ajudaram a desmontar a ameaça
Dois homens austríacos, de 19 e 17 anos, foram detidos quarta-feira por suspeitas de planearem ataques terroristas nos três concertos de Taylor Swift em Viena, Áustria, que foram entretanto cancelados. Esta quinta-feira, os serviços de informação identificaram um terceiro suspeito: uma pessoa de 15 anos do sexo masculino e de nacionalidade austríaca, que já foi questionado pelas autoridades.
O principal suspeito, de 19 anos, foi detido quarta-feira de manhã em Ternitz, o seu local de residência, a cerca de uma hora de Viena. Depois de efetuarem buscas na sua casa, as autoridades encontraram um plano detalhado dos ataques, que terão sido organizados em estreita colaboração com um outro jovem austríaco, de 17 anos, que foi detido no mesmo dia em Viena.
Segundo as autoridades, o principal suspeito jurou em junho lealdade ao Estado Islâmico, tendo-se radicalizado através da internet. O jovem tinha gravado um vídeo de confissão do ataque, que ainda tentou eliminar, mas os investigadores conseguiram ter acesso ao mesmo. "Ele está claramente radicalizado e acha correto matar os não crentes", adiantou o diretor do Serviço de Proteção e Informações do Estado, Omar Haijawi-Pirchner, em conferência de imprensa conjunta com o ministro do Interior.
Nas buscas efetuadas à casa deste suspeito, a polícia encontrou ainda substâncias químicas e dispositivos utilizados para a construção de bombas. O suspeito planeava conduzir um carro em direção às cerca de 195 mil pessoas esperadas no estádio Ernst Happel, onde estavam previstos os três concertos esgotados da cantora norte-americana, com o primeiro agendado para esta quinta-feira, seguindo-se outros esta sexta-feira e este sábado. O suspeito também ponderava utilizar facas e machados durante os ataques.
O diretor-geral de Segurança Pública da Áustria, Franz Ruf, entende que o jovem estava a avançar com "ações preparatórias concretas" para um ataque terrorista. Segundo os serviços de informação austríacos, citados pela Reuters, "o plano era matar pessoas no exterior do estádio" Ernst Happel.
"A situação foi muito grave e continua a ser grave", admitiu esta quinta-feira o ministro austríaco do Interior, Gerhard Karner, em conferência de imprensa, acrescentando que foi neste contexto que decidiu elevar o nível de alerta terrorista no país para quatro - o segundo nível mais elevado de alerta terrorista. "Por isso, compreendo a decisão dos promotores de cancelarem os concertos."
O ministro do Interior adiantou que os serviços de informação austríacos contaram com a ajuda de contactos e informações internacionais para esta investigação. Segundo a ABC News, foram os serviços secretos dos EUA que alertaram para a ameaça. A mesma fonte revela que pelo menos um dos suspeitos seguia um canal do ISIS-K na aplicação Telegram. Embora possa ter sido inspirado neste grupo radical do Estado Islâmico, as autoridades acreditam que o grupo não esteve envolvido no planeamento destes ataques".
Fãs de Taylor Swift ficaram "chateados" com o cancelamento
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria regozijou-se com a operação desencadeada pelas autoridades austríacas, afirmando mesmo que o país conseguiu "evitar uma tragédia". Mas os fãs de Taylor Swift ficaram desiludidos com a decisão de cancelar os concertos, com muitos deles a implorarem à organização nas redes sociais para que tentem marcar novas datas assim que a situação estiver controlada. A Barracuda Music, entidade responsável pela organização dos concertos, já garantiu que vai reembolsar todos os bilhetes dentro dos próximos dez dias.
"Estou tão chateado. Estava à espera disto há mais de um ano. A Taylor Swift na minha cidade natal. E agora não vai acontecer", lamentou um fã da cantora norte-americana, citado pelo Guardian.
A agência Reuters cita uma publicação no X de um outro fã, no qual o mesmo diz não acreditar que "o concerto pelo qual estava à espera há mais de dez anos já não vai acontecer". "Não sei se alguma vez vou conseguir ultrapassar isto", escreveu.
A cantora norte-americana, de 34 anos, não fez qualquer comentário público sobre a situação, inclusive na sua página oficial do Instagram, onde é seguida por mais de 283 milhões de pessoas e onde costuma comunicar com os seus fãs.