Protesto dos médicos tarefeiros: urgências do Algarve, Médio Tejo e Oeste em maior risco de parar

5 nov, 12:28
Hospital (Freepik)

Dados a que a CNN Potugal teve acesso revelam que os hospitais de Faro, Portimão e Lagos gastaram mais de 14 milhões de euros entre janeiro e agosto para contratar estes clínicos para as escalas e não fecharem as portas

A falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em especial para as urgências, levou a que só nos primeiros meses do ano fossem gastos pelos hospitais mais de 174 milhões de euros a contratar tarefeiros, ou seja, 727 mil euros por dia. As unidades locais de saúde do Algarve, do Médio Tejo e do Oeste foram as que registaram as maiores faturas para pagar a estes profissionais que contrataram à tarefa, revelando serem dos que mais necessitam deste tipo de clínicos para terem as urgências a funcionar.

São, por isso mesmo, os que correm maior risco perante a ameaça de paralisação de três dias feita agora pelos tarefeiros. Esta ameaça surge depois de o Governo ter aprovado dia 22 de outubro um diploma que promete regularizar o setor e impor regras.

Segundo dados pedidos pela CNN Portugal à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), entre janeiro e agosto deste ano, a Unidade Local de Saúde do Algarve gastou mais de 14 milhões de euros (precisamente 14.148.258 euros) em tarefeiros. Foi a ULS de todo o país que mais gastou: diariamente foram pagos 59 mil euros a estes clínicos para os ter nas escalas do hospital. A ULS do Algarve integra três hospitais - Faro, Portimão e Terras do Infante, em Lagos, além de vários centros de saúde.

O segundo hospital do país que registou mais gastos foi a Unidade Local de Saúde do Médio Tejo, que conta com os estabelecimentos de Abrantes, Tomar e Torres Novas e mais de 30 centros de saúde. Nos primeiros oito meses do ano saíram dos cofres públicos desta ULS mais de nove milhões de euros (especificamente 9.132.667 euros) para pagar aos tarefeiros. Neste período, mais de 262 mil horas nestes hospitais foram feitas por tarefeiros, o que significa que todos os meses, estes profissionais contratados à tarefa, em grande parte para as escalas das urgências, realizam mais de 32 mil horas de trabalho. Um serviço que custou diariamente à ULS do Médio Tejo 38 mil euros.

Entre as ULS que mais recorrem a estes profissionais e que por isso ficam mais em risco de rutura com a possível paralisação dos tarefeiros é a do Oeste – ou seja, os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, para além de diversas unidades de cuidados primários. Esta ULS fez um pagamento aos tarefeiros que até agosto chegou aos oito milhões de euros (mais concretamente 8.082.797 euros).

A própria ministra da Saúde, Ana Paula Martins, já revelou que mais de 40% das escalas das urgências do país são preenchidas por tarefeiros, pagos, segundo sublinhou, muito acima do que costuma ser pago aos clínicos que estão nos quadros e todos os dias nos hospitais. As novas regras que o Governo aprovou fixam limites de pagamento, mas também definem várias incompatibilidades para os médicos que querem receber à tarefa   

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