Na semana passada, Gonçalo Pires descartou ter conhecimento do acordo para a saída da ex-administradora Alexandra Reis da companhia aérea
O presidente do PSD acusou esta segunda-feira o diretor financeiro da TAP de ter mentido ao parlamento e desafiou o ministro das Finanças e o primeiro-ministro a tomarem uma posição sobre esta “falta à verdade” de Gonçalo Pires.
“Quero daqui instar o senhor ministro das Finanças e o senhor primeiro-ministro a tomarem uma posição acerca da falta à verdade do depoimento dado na comissão parlamentar de inquérito por este responsável”, afirmou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas, no final da reunião da Comissão Permanente do PSD, na sede nacional do partido.
Questionado se entende que o CFO (diretor financeiro) da TAP deveria ser demitido, o presidente do PSD remeteu essa decisão para o Governo, embora, na sua opinião, esta “falta à verdade” num inquérito parlamentar “inviabilize a assunção das condições exigidas para o cumprimento da tarefa”.
“Mas isso é a nossa opinião, o que é importante é saber a opinião do ministro das Finanças”, disse.
Luís Montenegro salientou que o diretor financeiro da TAP “tem reporte direto ao ministro das Finanças”: “O CFO da TAP mentiu na comissão de inquérito e isso tem de ter consequências”, insistiu.
Questionado se também os ex-governantes têm responsabilidades a assumir, o presidente do PSD considerou que “começa a ficar muito claro que, ao longo dos últimos meses, houve pouca verdade nas intervenções dos membros do Governo sobre este assunto”.
“Há demasiada confusão a pairar no ar, pessoas que diziam que não sabiam, mas pelos elementos documentais afinal participaram diretamente na atribuição da indemnização”, disse, sem referir nomes.
O líder do PSD disse não querer antecipar conclusões da CPI, mas salientou que as audições só começaram há uma semana e já “há demonstrações que o processo estava muito mal explicado”.
Na semana passada, o diretor financeiro da TAP Gonçalo Pires descartou ter conhecimento do acordo para a saída da ex-administradora Alexandra Reis da companhia aérea.
“Não tomei a decisão nem ajudei a tomá-la”, afirmou na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.
Gonçalo Pires explicou que teve conhecimento da saída mas só “informalmente”, através de uma comunicação da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, numa mensagem de Whatsapp poucos dias antes da confirmação oficial.
No entanto, a versão do administrador financeiro contrasta com a de Christine Ourmières-Widener, que será ouvida na terça-feira na mesma comissão, segundo a qual Gonçalo Pires foi informado desde o início do processo da saída de Alexandra Reis.