Tensão entre as duas empresas está a subir após o CEO da Azul ter ameaçado, em entrevista à CNN Portugal, romper com as parcerias que tem com a TAP no Brasil e com isso fazer desvalorizar a portuguesa. TAP contestou também as garantias pedidas
A TAP ofereceu-se para pagar um valor bastante mais baixo do que aquele que deve à companhia aérea Azul, a empresa brasileira que é detida por David Neeleman e que agora admite à CNN Portugal romper as parcerias que tem com a companhia portuguesa, levando a uma possível desvalorização do seu preço. Segundo noticia o ECO, a TAP propôs pagar cerca de 50 milhões de euros, sendo que a dívida original, contraída em 2016, ascende a 90 milhões.
Essa contraproposta terá surgido após a Azul ter enviado uma carta em setembro dirigida ao CEO da TAP, Luís Rodrigues, ao administrador financeiro, Gonçalo Pires, ao ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e ao ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.
Nessa carta, à semelhança das explicações do CEO da Azul, eram exigidas mais “garantias” ou o pagamento antecipado do valor em dívida, que já equivale na sua totalidade a 198 milhões de euros ou 1,2 mil milhões de reais.
Já antes disso, noticia também o ECO, a companhia aérea tinha contestado as garantias associadas ao empréstimo no início de julho. A TAP terá respondido à Azul que as garantias apresentadas seriam inválidas, o que foi rejeitado pela transportadora brasileira.
Essa tensão culminou esta segunda-feira com a entrevista à CNN Portugal do CEO da empresa brasileira, John Rodgerson, em que revelou que já contratou advogados em Portugal e que já avisou os potenciais interessados na compra da TAP de que se a dívida não for paga a aliança entre as duas companhias cai por terra. “É o nosso papel, porque eles também querem saber se o acordo com a Azul vai continuar. E eu digo: depende, depende dessa dívida”, afirmou.
A questão no centro desta polémica surge pelo facto de as obrigações entre as duas empresas terem sido contratualizadas em 2016, numa altura em que a TAP era detida por David Neeleman, que se mantém como o principal acionista da Azul. Quando em 2020 a companhia aérea foi nacionalizada, o governo de António Costa decidiu ‘separar’ a empresa em duas.
Para um lado ficou a TAP S.A, onde se concentra a principal operação da companhia portuguesa e que deverá ser vendida e, para outro, ficou a TAP SGPS, uma holding que se encontra a ser ‘esvaziada’ de ativos e que tem um buraco nas contas de quase 1,3 mil milhões de euros. É nesta última que está a dívida para com a Azul e que terá de ser obrigatoriamente paga em 2026.
“Quando investimos, investimos na TAP inteira”, afirma o CEO da Azul na entrevista, sublinhando que teme que se chegue a 2026 e o dinheiro não seja pago à companhia brasileira - especialmente porque, acredita, nessa altura a TAP S.A. já não será controlada pelo Estado. “O que não se pode fazer é esperar por 2026 e depois dizer, 'está quebrado, porque se tiraram toda as coisas boas que poderiam pagar essa dívida'. Obviamente, isso não é uma coisa certa nem para a Azul, nem para o Governo português”, aponta.
Contactados pela CNN Portugal, nem a TAP nem o Ministério das Infraestruturas e da Habitação se mostraram disponíveis para prestar declarações sobre esta situação.