China anuncia mais exercícios militares, desta vez no sul do Mar Amarelo e Mar de Bohai, e que deverão estender-se até setembro

Beatriz Céu , (atualizada com Lusa às 12:56)
7 ago 2022, 11:10

O anúncio surge no dia em que estava previsto o fim dos exercícios militares chineses em torno de Taiwan, que se prolongam há quatro dias

A China anunciou que vai conduzir mais exercícios militares, desta vez na parte sul do Mar Amarelo e no Mar de Bohai, entre a China e a península da Coreia. Segundo o The Washington Post, que cita a Administração Marítima de Pequim, as manobras militares no Mar de Bohai começam já na segunda-feira e deverão estender-se até 8 de setembro, enquanto os exercícios no Mar Amarelo deverão decorrer até ao próximo dia 15 de agosto.

A informação foi avançada pelo Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação do Povo Chinês, que adiantou, através da plataforma Weibo, que vai continuar a realizar exercícios militares marítimos e aéreos ao redor de Taiwan, concentrando-se no lançamento de mísseis de longo alcance contra alvos aéreos.

Entretanto, a China anunciou que, partir de agora, vai conduzir exercícios militares "regulares" no lado leste do Estreito de Taiwan, noticiou a Reuters. O anúncio surge no dia em que estava previsto o fim dos exercícios militares chineses em torno de Taiwan, que tiveram início esta semana, após a visita da líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha autónoma, à revelia de Pequim. 

Este domingo, o Ministério da Defesa de Taiwan voltou a denunciar o exército chinês por simulações de ataques à ilha, após terem sido detetadas esquadrilhas de aviões, navios e drones chineses durante a manhã, no Estreito de Taiwan, uma linha imaginária que funciona como uma fronteira não oficial, mas tacitamente respeitada entre a China e Taiwan durante as últimas décadas.

Em comunicado, o ministério adiantou que Pequim continua “a realizar exercícios conjuntos por via marítima e pela via aérea, simulando ataques contra a ilha de Taiwan e contra os nossos navios no mar”.

Momentos depois, a agência de notícias oficial chinesa, Xinhua, esclareceu que os exercícios desta manhã tinham como objetivo “testar as capacidades de fogo conjunto para ataques terrestres e ataques aéreos de longo alcance”.

No sábado, naquele que foi o terceiro dia de exercícios militares chineses, o Ministério da Defesa taiwanês já tinha alertado para  uma possível simulação de um ataque em direção a Taipé. Isto depois de o ministério ter detetado a presença de vários aviões militares e navios da armada chinesa junto ao Estreito de Taiwan.

A presença de aviões militares e navios chineses fez soar os alarmes em Taiwan, que emitiu alertas, destacou patrulhas aéreas e navais, e ativou os sistemas de mísseis terrestres. "Os nossos militares emitiram avisos, enviaram patrulhas aéreas de combate e embarcações navais, e ativaram sistemas de mísseis terrestres em resposta à situação", disse o ministério, em comunicado.

EUA acusa Pequim de tentar "mudar o status quo" com exercícios "provocadores

Um porta-voz da Casa Branca disse que a China está a tentar "mudar o status quo" através destes exercícios militares: "Estas atividades representam uma escalada significativa nos esforços da China para mudar o status quo. São provocadoras, irresponsáveis e aumentam o risco de um erro de cálculo."

As manobras militares conduzidas por Pequim "também vão contra o nosso objetivo de longa data de manter a paz e estabilidade em todo o Estreito de Taiwan", acrescentou.

A China, que chamou à visita de Pelosi uma "farsa" e uma "deplorável traição", reivindica a soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província separatista desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para o local em 1949, após perderem a guerra civil contra os comunistas.

Taiwan descreveu a presença militar da China como um "bloqueio", e a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, classificou mesmo de "irresponsável" a "ameaça militar deliberadamente elevada" da China.

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