A profecia para acabar com a maldição
Sérgio Conceição tinha avisado duas vezes: esqueçam a beleza.
Parecia profecia.
Uma versão falada do «Pouco importa, pouco importa…»
E a Taça da Liga vai, finalmente, para o Museu do Dragão.
Após quatro finais, perdidas, duas com Conceição ao leme, já não falta o troféu de nenhuma prova nacional ao FC Porto.
Frente ao Sporting, numa final com uma primeira parte bem animada – com futebol –, e uma segunda com as emoções à flor da pele – e menos futebol – o FC Porto mostrou ser uma equipa com mais nervo e a experiência necessária para fazer em campo o que Conceição pedira mal a equipa se apurou para a final, e que repetiu na antevisão da partida.
Fê-lo depois de ver o Sporting ser bastante superior na primeira parte. E com muita sorte à mistura.
Aos 10m, Adán deu uma mãozinha ao dragão. Eustáquio rematou colocado de fora da área, mas o espanhol estava bem colocado, chegou à bola… mas deixou-a passar entre as mãos.
O 1-0 chegou, portanto, sem se ter feito muito por isso.
E logo a seguir, os leões festejaram o empate, num golo de Edwards, mas o VAR detetou um fora de jogo de 41 centímetros
E Sporting não se deixou abater pelo infortúnio e carregou, perante o FC Porto que pareceu até abdicar da bola. Era o troféu que interessava, lembram-se?
Ao minuto 36, a sorte vestiu-se de azul e branco. No espaço de poucos segundos, o Sporting acertou duas vezes nos ferros. Primeiro por Porro e logo a seguir por Pote.
Seria um sinal?
Depois, com o apito para o intervalo, foi-se também embora o futebol.
Na segunda parte jogou-se pouco. Discutiu-se demasiado. Lutou-se no mau sentido da palavra. Com pouca bola e muitos nervos.
Paulinho foi expulso aos 72 minutos por ter atingido Otávio na cara.
Antes disso, já tinha havido chuva de cartões. E depois disso lá continuou.
Ah, também houve um golo no meio de tantas quezílias. O golo que confirmou a conquista da Taça da Liga. Marcano marcou após jogada de Pepê na direita, num dos poucos momentos de futebol da segunda parte.
Sim, a Taça da Liga, outrora um troféu mal-amado, o que parecia amaldiçoado, vai para o Dragão. Mas o jogo não será lembrado pelo futebol que se praticou em campo.
Nem pelo triste espetáculo de uma festa apenas com a equipa vencedora no relvado, e com o conjunto derrotado já no balneário.
E é uma pena. Mesmo já sendo um Clássico do futebol português.