Kelly Slater em Peniche: «Não concordo com o novo formato do circuito»

10 mar 2023, 21:31
Kelly Slater (Photo by Gualter Fatia/Getty Images)

«Estamos a definir quem é o campeão do mundo num sítio, num dia, em determinadas condições», referiu

Presente na prova de Supertubos da Liga Mundial de Surf, em Peniche, Kelly Slater admitiu esta sexta-feira que não é fã do novo formado da competição, o qual entrou em vigor em 2022.

«Todos sabemos agora o que temos de fazer para ser campeão do mundo. Não temos de ganhar o ano todo, temos de ganhar em Trestles [dia das finais na Califórnia, Estados Unidos]. Por isso, só se ganha uma vez», começou por dizer o surfista de 51 anos, citado pela Lusa.

«Se concordo [com o modo] como atribuímos o título mundial é uma questão diferente. Eu realmente não concordo com isso, porque estamos a definir quem é o campeão do mundo num sítio, num dia, em determinadas condições», acrescentou.

Para o 11 vezes campeão do mundo, «o campeonato mundial é definido, historicamente, à volta do mundo, em diferentes condições, em [ondas] direitas, esquerdas, [com o mar] grande, pequeno, boas e más ondas». «Portanto, é de pensar que o título mundial devia ser dependente disso, sobretudo», defendeu.

«Eles também podiam construir alguma espécie de sistema com limitações, ou uma escala. Assim, se alguém está tão destacado [na liderança], talvez o segundo, o terceiro ou o quarto teriam de batê-lo por muito", sublinhou, acrescentando que, "se calhar, a pessoa na liderança só teria de ganhar um ‘heat’ [bateria], e a pessoa que vai atrás teria de ganhar dois, três, quatro ou cinco ‘heats’ para apanhá-lo, isso tornaria um pouco mais justo, como um sistema com limitações», continuou.

O atleta norte-amricano também não se mostrou totalmente convencido sobre o corte no número de surfistas do circuito mundial a meio da temporada: «Não sei se é justo ou não. Da primeira vez que ganhei um título mundial, em 1992, no ano seguinte eu estava em 28.º do mundo quando faltavam quatro eventos para acabar o campeonato. Portanto, dá para imaginar que se alguém começa mal o ano, mesmo que tenha talento, se estiver com problemas de resultados, por atravessar um momento difícil a nível pessoal ou estar com uma lesão, é assim [que define] a carreira.»

Sobre os consecutivos adiamentos do início da prova em Peniche, Slater referiu que foi a melhor decisão.

«Não sei de quanto tempo vamos precisar. Num ‘beach break’ com tantas ondas, podemos ter baterias sobrepostas, mas o vento tem estado mau, a ondulação muito forte, e a combinação das duas coisas torna muito difícil avançar com as baterias. As condições estão muito difíceis. Até no ‘free surf’ [surf livre] foi difícil apanhar boas ondas. Acho que foi uma boa decisão não lançar o campeonato hoje», atirou.

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