Espanha, EUA, França e Itália estão entre os países que já anunciaram retirada de cidadãos do Sudão

Agência Lusa , MJC
23 abr 2023, 14:10

Confrontos começaram há uma semana e a situação tem vindo a agravar-se

Espanha iniciou este domingo uma operação de retirada de cidadãos espanhóis, europeus e sul-americanos do Sudão, no mesmo dia em que outros países anunciaram operações de repatriamento de pessoas retidas naquele país devido aos confrontos da última semana.

Seis aviões do exército espanhol voaram para Djibuti para retirar cerca de 80 pessoas, entre espanhóis, europeus e sul-americanos e “aguardam um espaço seguro para pousar e iniciar a operação”, segundo informações de fontes diplomáticas espanholas à agência EFE.

A ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, disse à EFE que "os aviões estão aí preparados para que, assim que o cessar-fogo for respeitado, se possa realizar esta operação”, que admite não ser fácil “porque o aeroporto do Sudão está encerrado” e a retirada terá que ser feita a partir de um aeródromo próximo e por estrada.

Além de Espanha, vários países têm em curso operações de repatriamento.

As autoridades líbias concluíram hoje a retirada, por mar, de quase uma centena de cidadãos retidos no Sudão devido aos confrontos da última semana, que já provocaram pelo menos 400 mortos e mais de 3.500 feridos.

O embaixador da Líbia em Cartum, Fawzi Boumrez, anunciou no sábado a retirada de 83 cidadãos e suas famílias através de Port Sudan (nordeste), localizado a 600 quilómetros da capital e às margens do Mar Vermelho, de onde serão transferidos para a cidade saudita Jeddah antes de retornar ao seu país.

A Itália anunciou que pode ocorrer ainda hoje o repatriamento de 140 cidadãos. Segundo o chanceler italiano, Antonio Tajani, “foram contatados durante a noite, estão todos bem e foram convidados dirigirem-se à embaixada em Cartum”, de onde será tentada a retirada.

O governo britânico informou hoje que retirará o pessoal diplomático do Sudão "o mais rápido possível” e aconselhou os britânicos retidos naquele pais a comunicar a sua presença ao Ministério das Relações Exteriores e a permanecer em local seguro.

O ministro dos Negócios estrangeiros de França anunciou uma "operação de retirada rápida" de cidadãos franceses e pessoal diplomático, em que poderão ser apoiados outros cidadãos europeus e nacionais de "países parceiros aliados".

A embaixada da Turquia no Sudão disse que o processo de retirada dos seus cidadãos também arranca hoje, tendo em conta a situação caótica que se vive atualmente na capital, Cartum, e ao retomar dos confrontos.

No sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que estava concluída a retirada dos funcionários da embaixada norte-americana no Sudão, noticiou agência de notícias Associated Press (AP)

Sauditas e cidadãos de outros países retirados do Sudão chegaram também este sábado a Jeddah, cidade portuária da Arábia Saudita, no dia em que o chefe do exército admitiu não controlar o aeroporto internacional de Cartum, comprometendo operações de retirada.

Segundo a mais recente contagem da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 413 civis morreram e 3.551 ficaram feridos desde o início do conflito no Sudão.

Os confrontos começaram há uma semana entre as forças armadas, comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e os paramilitares do das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), chefiados pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como "Hemedti".

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