Stéphanie Frappart, Neuza Inês Back e Karen Diaz Medina: a história destas mulheres que agora são históricas

30 nov 2022, 13:45
As árbitras do Costa Rica x Alemanha

Num mundo ainda marcadamente masculino e numa competição que se realiza num país onde as mulheres precisam de autorização de um tutor para estudar ou viajar, estas três mulheres vão arbitrar um jogo decisivo do Mundial 2022. Eis como elas chegaram até aqui

Stéphanie Frappart nasceu há 38 anos em Herblay-sur-Seine, a cerca de 20 quilómetros de Paris. Começou por ser jogadora de futebol mas decidiu acabar com a breve carreira aos 18 anos quando alinhava pelo Val d'Oise - escolheu dedicar-se à arbitragem: começou pelos jogos juvenis e em 2009 entrou para a restrita lista de árbitros da FIFA.

Stéphanie está habituada a abrir caminho e tem a vida marcada pelo pioneirismo: foi a primeira mulher a arbitrar um jogo da Liga francesa; foi a primeira mulher a dirigir um jogo de competições europeias masculinas, em 2019, na Supertaça Europeia, entre Liverpool e Chelsea; e foi também a primeira num jogo da Liga dos Campeões, que opôs a Juventus e o Dínamo Kiev. Já tinha o nome associado a este Mundial porque em 2021 apitou também um encontro da qualificação para o Catar.

Stéphanie Frappart fez parte da equipa de arbitragem do Portugal 3-2 Gana - mas como quarto árbitro (Imagem: Youssef Loulidi/Fantasista/Getty Images)

A líder da equipa de arbitragem do Costa Rica-Alemanha, que se joga esta quinta-feira e que é decisivo para ambas as equipas, não se deixa abalar pela pressão e nem teme ser mulher num mundo de homens. “Eu sei como lidar com isso. Os jogos de futebol masculino e feminino são exatamente iguais. O futebol feminino está cada vez mais rápido. É apenas a abordagem técnica que está diferente. Quando se está a arbitrar jogos das seleções, a única diferença é que o nível é mais elevado porque são os melhores jogadores de cada país", disse numa entrevista ao The Athletic, publicada a 15 de novembro. “O Mundial masculino é a competição mais importante no mundo. Não é apenas futebol. Mas eu fui a primeira árbitra em França, a primeira na Europa, sempre a primeira. Sei como lidar com isso [com a pressão].”

Stéphanie Frappart tem sido uma pioneira no mundo da arbitragem  (Imagem: Mateo Villalba/Quality Sport Images/Getty Images)

As outras mulheres da equipa de Stéphanie

A francesa vai entrar em campo na companhia de mais duas pioneiras. Será auxiliada pela brasileira Neuza Inês Back e pela mexicana Karen Diaz Medina. A equipa em campo fica completa com o quarto árbitro, o hondurenho Héctor Said Martínez Sorto, de 31 anos.

Neuza Back tem também 38 anos. Nascida em Saudades, no interior de Santa Catarina, viveu a juventude no distrito de Juvêncio, que tem apenas cerca de quatro mil habitantes. Em 2018 perseguiu o sonho de evolução na carreira e mudou-se para São Paulo.

Neuza Back começou no mundo da arbitragem quando acompanhava o irmão, também árbitro (Imagem: MB Media/Getty Images)

A brasileira é formada em educação física e vem de uma família na qual a arbitragem não é novidade. Deu os primeiros passos precisamente quando acompanhava o irmão mais velho, André Back. Foi assim que ganhou o gosto pela arbitragem. Começou na Federação Catarinense de Futebol, depois de completar o curso de árbitro na Escola Catarinense de Arbitragem Gilberto Nahas, em 2008.

A mexicana Karen Díaz Medina tem 38 anos. Nasceu na cidade de Aguascalientes, no México. É formada em Engenharia Agroindustrial mas é na arbitragem que tem feito carreira. Começou na arbitragem com apenas 12 anos e estreou-se como profissional em 2009, um pouco por acaso: trabalhava num café de um centro desportivo quando um árbitro de uma das partidas não chegou a tempo e então assumiu o lugar.

“O administrador da liga perguntou-me se eu queria arbitrar o jogo e eu disse que sim. Eu gostei e aproveitei a experiência. Eles pagaram-me para fazer algo de que eu realmente gostei. A partir desse momento recebi mais jogos todas as semanas e, com o dinheiro que ganhei, consegui pagar a faculdade”, contou Karen Medina numa entrevista ao site da CONCAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe).

Karen Medina começou na arbitragem aos 12 anos (Imagem: Maddie Meyer - FIFA/FIFA via Getty Images)

Em 2016 fez parte da equipa de arbitragem de um jogo da Liga Mexicana. Tem no currículo torneios como os Jogos Centroamericanos de Barranquilla 2018, Pré-Mundial Sub-20 da Concacaf em 2018 e o Pré-Mundial Sub-17 da Concacaf em 2019.

Além das mulheres agora nomeadas para o jogo entre a Costa Rica e a Alemanha, outras foram também escaladas pela FIFA para este Mundial como árbitras de campo mas ainda aguardam pela sua vez: Kathryn Nesbitt, dos Estados Unidos, Yoshimi Yamashita, do Japão, e Salima Mukansanga, do Ruanda.

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