Viagem foi confirmada pela Força Aérea. Fonte do governo diz que, no entanto, este não será o destino final de Rajapaksa. Primeiro-ministro, que assumiu o cargo de chefe de Estado, declarou estado de emergência em todo o país
O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, fugiu do país esta quarta-feira, horas depois de deixar o cargo após ser acusado de má gestão económica, que levou o país a assumir a incapacidade de financiar as importações mais essenciais para os seus 22 milhões de habitantes, devido à falta de moeda estrangeira.
Segundo a Reuters, que cita um comunicado da Força Aérea, Rajapaksa, a mulher e dois seguranças deixaram o aeroporto internacional a bordo de um avião da Força Aére do Sri Lanka.
"De acordo com as disposições da Constituição e a pedido do governo, a Força Aérea do Sri Lanka forneceu um avião hoje cedo para levar o presidente, a sua mulher e dois oficiais de segurança às Maldivas", avança o comunicado.
Uma fonte do governo avança que o presidente está em Male, capital das Maldivas. No entanto, segundo a mesma fonte, este não será o destino final de Rajapaksa.
Por sua vez, no Twitter, o Alto Comissariado da Índia em Colombo negou "categoricamente os relatos infundados e especulativos da imprensa de que a Índia facilitou a recente viagem de Gotabaya Rajapaksa para fora do Sri Lanka".
High Commission categorically denies baseless and speculative media reports that India facilitated the recent reported travel of @gotabayar @Realbrajapaksa out of Sri Lanka. It is reiterated that India will continue to support the people of Sri Lanka (1/2)
— India in Sri Lanka (@IndiainSL) July 13, 2022
O chefe de Estado e a mulher tinham pernoitado numa base militar perto do aeroporto internacional, após perderem quatro voos que os poderiam ter levado para os Emirados Árabes Unidos, e já tinham sido impedidos de partir para exílio no estrangeiro.
Pedido de demissão
A Reuters, que cita fonte do partido no poder, avança que o presidente do parlamento do Sri Lanka deve receber a carta de renúncia do presidente Gotabaya Rajapaksa até o meio-dia desta quarta-feira.
Caso o chefe de Estado e o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe não renunciem, os manifestantes já alertaram que vão avançar para uma "luta decisiva".
Após a invasão da casa do presidente, os líderes dos partidos políticos no parlamento reuniram-se tendo decidido pedir a demissão de Rajapaksa e do primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe.
No entanto, membros-chave do partido no poder dizem querer apoiar o primeiro-ministro como candidato presidencial, embora ainda não tenha sido tomada nenhuma decisão. Sob condição de anonimato, fonte do partido disse à Reuters que, na noite de terça-feira, vários membros do partido se reuniram e que o "consenso esmagador" era que de Wickremesinghe substituísse o presidente Gotabaya Rajapaksa.
Estado de emergência no país
Perante a saída do presidente do país, o primeiro-ministro, que assumiu o lugar de chefe de Estado, declarou que o país está em estado de emergência, o que levou a mais protestos durante a crise económica no Sri Lanka.
"O primeiro-ministro, atuando como presidente, declarou o estado de emergência (em todo o país) e impôs o toque de recolher na província oeste", revelou o porta-voz de Wickremesinghe, Dinouk Colombage, à Reuters.
A economia do Sri Lanka está em estado de colapso, estando a decorrer as negociações para um plano de ajuda com o Fundo Monetário Internacional.
O colapso económico levou a uma grave escassez de bens essenciais, deixando as pessoas a lutar para comprar alimentos, combustível e outros bens de primeira necessidade.
A turbulência levou a meses de protestos, que quase desmantelaram a dinastia política Rajapaksa que governou o Sri Lanka durante a maior parte das últimas duas décadas.