Liga Europa: Arsenal-Sporting, 1-1, 3-5 g.p. (crónica)

16 mar 2023, 23:19

Grandes como os maiores da Europa

Há uma semana, em Lisboa, o Sporting Clube de Portugal lamentava a má sorte no jogo com o Arsenal. Das oportunidades desperdiçadas à forma, quase anedótica, com que os ingleses fizeram o 2-2.

Nesta quinta-feira, em Londres a equipa de Ruben Amorim cumpriu, ao vencer de forma épica no desempate por penáltis, o desígnio do fundador. Sim, o Sporting Clube de Portugal foi tão grande com um dos maiores da Europa. E, sim (!), porque aquele que tem sido, até prova em contrário, o melhor coletivo de Inglaterra em 2022/23, não pode ser deixado de fora desse lote.

Ruben Amorim tinha perspetivado um Arsenal a tentar entrar forte no jogo de Londres. Avisara que era bom começar com bola, até porque, viu-se nestes em Lisboa e na capital inglesa, o Arsenal é uma equipa claramente intranquila sem ela.

O que faltou em bola aos leões nos dez minutos iniciais, sobrou em organização, sentido coletivo e serenidade indispensável para suportar o ambiente do Emirates.

Ainda antes da primeira chegada perigosa dos Gunners à área de Adán, já para lá do quarto de hora, Trincão falhou o golo por centímetros.

Aos 19 minutos, os londrinos chegaram à vantagem. Esgaio falhou no controlo da profundidade de Martinelli, Adán ainda salvou à primeira, mas na recarga Xhaka fez o 1-0.

Na primeira parte, o Sporting Clube de Portugal foi uma equipa mais expectante. Procurou fechar os caminhos para a baliza de Adán e em controlar o espaço entre linhas. Aí, teve quase sempre sucesso e, quando não o teve, o bom comportamento dos defesas (que grande jogo de Diomande e não só!) e, em última instância, o guarda-redes espanhol resolveram os problemas.

Não deixou, no entanto, de ter os olhos na baliza contrária. Quando saía, maioritariamente mas nem sempre através de transições rápidas, criava quase sempre perigo. Faltava, no entanto, maior sentido prático no ataque.

Aí, pela forma como o Arsenal abordava o jogo sem bola, percebia-se o que precisavam os leões de fazer: ter mais bola e, com ela, jogar mais tempo no meio-campo ofensivo.

Os leões empataram a eliminatória num momento visionário de Pedro Gonçalves. Hoje novamente médio (na ausência de Morita), teve visão e velocidade para executar um remate a 50 metros da baliza de Ramsdale, que não esperava que o Arsenal perdesse ali a bola e muito menos o que lhe passou por cima.

O Sporting Clube de Portugal já estava a ser melhor. Instalou-se no meio-campo ofensivo e foi esfomeado na reação à perda, ao ponto de os anfitriões terem dificuldades em efetuar uma sequência de passes que lhes permitisse progredir muito metros no terreno.

Arteta, que já tinha feito duas substituições forçadas na primeira parte e regressou dos balneários com Trossard no lugar de Gabriel Jesus, não quis facilitar e aos 66 minutos lançou para o jogo Partey e Saka, dois habituais titulares.

Mas nem com eles o Arsenal conseguiu ser superior e aos 73 minutos, Edwards desperdiçou a oportunidade de fazer capitular o rival histórico do «seu» Tottenham.

Quando Mateu Lahoz apitou para o final dos 90 minutos, para trás ficara mais uma história de domínio leonino. As estatísticas valem o que valem (mais ataques, 5-7 em remates, 46-54 em posse de bola), mas estas dizem muito sobre o que estava a acontecer no Emirates.

Os 30 minutos de prolongamento vieram misturados de momentos de esquizofrenia e receio de perder. E só aí pode dizer-se que o Arsenal conseguiu ser claramente superior aos homens de Amorim.

Mas não foram superiores na capacidade de sofrimento. Adán desviou um remate de Trossard o suficiente para a bola bater no poste e apareceu depois para negar um golo certo de Adán pouco antes de Diomande salvar em cima da linha de golo aos 118 minutos. Logo a seguir, numa transição rápida desperdiçada pelo recém-entrado Arthur, Ugarte (grande jogo do uruguaio) teve de sacrificar-se e deixou o Sporting com dez para os derradeiros minutos que nada mudaram.

No prolongamento, um momento de brilho de Adán e o pontapé vitorioso de Nuno Santos (suplente utilizado nesta quinta-feira) deram todo o sentido ao que se viu ao longo de 210 minutos de eliminatória.

A superioridade do Sporting Clube de Portugal.

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