«Fiz uma péssima declaração após o ataque a Alcochete»

15 fev 2019, 22:07

Bruno de Carvalho fala de como se passou o ataque a Alcochete

Bruno de Carvalho disse, em entrevista à TVI, que um dos grandes erros dele foi a declaração que fez à Sporting TV depois do ataque à Academia, na qual referiu, entre outras coisas, que «foi chato» e «o crime faz parte da vida».

«Fiz uma péssima declaração após o ataque a Alcochete. Devia ter só dito que foi um crime hediondo e que os culpados deviam ser punidos severamente. Devia ter parado aí. Mas o homem Bruno de Carvalho estava totalmente destruído. Vi ao vivo o estado dos jogadores, vi ao vivo o estado da equipa técnica e vi as maiores figuras do Estado a apontarem-me o dedo. Estava destroçado e não devia ter feito aquela declaração», referiu.

«Os elementos da minha comunicação que estavam lá presentes deviam-me ter parado. Não correu bem. Infelizmente tive várias situações nas quais não fui ajudado, bastava ter parado a minha declaração no fim da primeira frase. O ser líder tem muito de solidão e ou se está bem escudado ou ou o líder também comete asneiras, um líder não é de ferro.»

Antes disso, o antigo presidente do Sporting já tinha garantido que nesse dia, do ataque a Alcochete, não foi ele que alterou a hora do treino, mas sim Jorge Jesus. Pelo caminho também garantiu que não entende relevo dado a esse facto.

«Não percebo por que é que o Ministério Público dá tanta importância à alteração da hora do treino. Porque o que aconteceu, aconteceria independentemente da hora. Se o treino tivesse sido às 10 horas, o ataque teria acontecido às 10 horas», referiu o antigo presidente leonino.

«As pessoas não perceberam, mas no dia anterior à Academia tive de explicar a Jorge Jesus que não estava despedido. Não continuaria após o final da época, o que lhe dava tempo para procurar uma solução, mas não estava despedido e até lhe disse que havia uma possibilidade de ser o treinador na final da Taça de Portugal. Mas ele pensava que estava despedido. Teve de ser o Raul José a dizer-lhe: ó homem, isto é simples, se tivermos um papel na mão, não damos o treino, se não tivermos um papel na mão, damos o treino. E então ele mudou a hora de treino.»

Questionado por que não estava na Academia à hora do treino, sendo que o team-manager também não estava, Bruno de Carvalho disse que estavam ambos reunidos por causa do processo Cashball.

«Eu e o André Geraldes não estávamos em Alcochete àquela hora por causa do Cashball. Quem me avisou do que aconteceu foi o José Ribeiro, um elemento da comunicação. Disse-me que a Academia tinha sido invadida. E eu não percebi o que era aquilo de invadida. A primeira coisa que fiz foi perguntar se Jorge Jesus e os jogadores estavam lá», referiu.

«Nós estávamos há horas numa reunião com a comissão executiva, nem tinha noção das horas. Entretanto o Jorge Jesus diz ao José Ribeiro para eu não ir para Alcochete. Eu só queria saber se estava lá alguém. Quando soube que estava, arranquei. Mas não sabia o que se passava. Estava numa reunião e ninguém me avisou das imagens nas redes sociais.»

Continuando a falar, Bruno de Carvalho contou depois o que encontrou em Alcochete.

«Quando cheguei passei pelo Jorge Jesus e pelo William Carvalho, que estavam a falar com quatro ou cinco pessoas, uma delas o Fernando Mendes, todos calmíssimos, pensei que não era invasão nenhuma, que era quatro ou cinco pessoas que tinham ido à Academia», acrescentou.

«Depois percebi o que se passava quando entrei no balneário e vi a fumarada toda. Nisto o Jorge Jesus diz-me que bateram nele, que bateram nos jogadores, enfim. Nessa altura o William Carvalho sai da conversa e eu chamo por ele. E ele responde-me que já sabia que eu tinha mandado os elementos da claque bater nos jogadores.»

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