Andamento do jogo ainda assustou, sobretudo porque não entrou nenhum dos 17 remates feitos na primeira parte
Ameaçava ser daqueles jogos em que parece que a bola entra de maneira nenhuma, nem quando entrou mesmo - aos 51 minutos houve golo, mas foi anulado.
Depois de uma primeira parte de autêntico sufoco em que fez 17 remates, o Sporting não conseguiu marcar em nenhuma das várias ocasiões, incluindo num remate aveludado de Geny Catamo ao poste.
Estava visto que, apesar de manter o mesmo caudal de criação, o Sporting teria dificuldade para garantir uma vitória tão fácil como a alcançada a meio da semana contra este mesmo Alverca.
Correção: o Alverca não era o mesmo, tal como não era o Sporting, com Rui Borges a mudar todo o 11, incluindo até o guarda-redes.
As mesmas equipas, portanto, mas com fatos diferentes. À partida o do Sporting seria o de gala, aquele assim mais aperaltado que tem Pedro Gonçalves, Luis Suárez ou Francisco Trincão.
Só que o smoking do futebol perfumado foi-se lentamente transformando num fato-macaco daqueles que servem para desapertar parafusos na defesa adversária e a desmontar por dentro.
Percebeu-se logo que seria isso o necessário para desbloquear o jogo. O tal primeiro golo que sossega toda a gente, nomeadamente os que estão nas bancadas e que vão vendo, remate a remate, a bola a acertar em todo o lado menos nas redes.
Entre a deceção e a preocupação com o golo anulado aos 51 minutos - Luis Suárez estava em fora de jogo no momento da assistência de Gonçalo Inácio -, Alvalade continuou a empurrar a equipa.
Talvez sem a clarividência do tal smoking, o Sporting foi, ainda assim, sempre mais forte, pelo que não deixou de manter o sufoco que foi praticamente integral nos 90 minutos.
E se não dá pelo engenho, o Sporting conseguiu descobrir num canto de Pedro Gonçalves a cabeça de Fotis Ioannidis, que tinha entrado apenas nove minutos antes. Aos 68 marcou e soltou a festa. Percebeu-se logo que o jogo estava desbloqueado.
A partir daí, como tantas vezes acontece, o perfume saiu mais fácil. Que o diga Pedro Gonçalves, claramente o homem do jogo, que decidiu dar tranquilidade a todos sportinguistas com uma bomba de fora da área.
Golaço, como quase sempre são os de Pote, mas num remate ainda assim diferente do que costuma fazer o médio/ala/avançado que Roberto Martínez não pode não convocar para o próximo compromisso da Seleção. É que o golaço diferente não foi um daqueles passes à baliza, mas antes um tiro saído de um qualquer pelotão de fuzilamento. André Gomes ainda tentou reagir, mas a bola passou com tal força que até deve ter ficado despenteado.
Com mais gala ou menos gala, o Sporting voltou a confirmar que é a equipa em melhor forma em Portugal neste momento. Apesar do pequeno nervosismo, acabou por resolver o jogo e ainda conseguir gerir para a visita a Turim, onde terá um encontro decisivo com a Juventus para a Liga dos Campeões. Se o Sporting se mantiver assim e Luciano Spalletti, recém-chegado à Vecchia Signora, não mudar já algumas coisas, a vitória em Itália é mais do que uma mera possibilidade.
É, portanto, tempo de voltar a mudar de fato, mas Rui Borges parece ter um armário cheio de opções para garantir que isso não é preocupação.
Quanto ao campeonato, o Sporting pressiona o FC Porto, que vai receber o Sporting de Braga, precisamente o último adversário a tirar pontos aos leões no campeonato. Garante ainda vantagem para o Benfica, que no máximo ficará a um ponto dos verde e brancos, sabendo que para isso tem de ganhar em Guimarães.