É mau a decorar nomes? Saiba que pode fazê-lo a dormir

CNN , Sandee LaMotte
22 jan 2022, 21:00
Sono

Precisa rapidamente de ligar um nome a uma cara numa videoconferência da empresa? Está prestes a jogar charadas online com a família inteira do seu novo namorado? Ou está preocupado em lembrar-se do nome de certo colega, quando voltar ao trabalho presencial? 

Em breve, poderemos ter uma ferramenta que nos ajude a aprender e reter rapidamente nomes e rostos, segundo um novo estudo publicado na revista “NPJ: Science of Learning”. Investigadores da Universidade Northwestern descobriram que passar um áudio com os nomes das pessoas, durante o período de sono mais profundo da noite, reforça as memórias das pessoas e melhora a nossa capacidade de nos lembrarmos de nomes e de caras, na manhã seguinte.

“O nosso estudo mostrou que, quando as memórias são reativadas durante o sono, as capacidades de memória podem estar melhoradas quando acordamos”, disse o autor Ken Paller, professor de Psicologia e diretor do Programa de Neurociência Cognitiva da Universidade Northwestern.

Na verdade, descobriu-se que as pessoas se lembravam em média de um e meio mais nomes do que antes de dormir. Mas, acrescentou Paller, só funcionou quando "o sono não foi perturbado no momento da reativação da memória".

Fases do sono

Se acorda com frequência devido a ruídos, se tem apneia do sono, ou se acorda para ir à casa de banho, isso interrompe o seu ciclo de sono - e priva o corpo do sono restaurador de que ele precisa.

O ciclo do sono do corpo passa por quatro fases, quatro a seis vezes por noite. Nas fases 1 e 2, o corpo começa a diminuir os seus ritmos. O batimento cardíaco e a respiração abrandam, a temperatura corporal cai e os movimentos dos olhos param. Isso prepara-o para a próxima fase - um sono profundo e de ondas lentas, também conhecido como sono delta. Durante o sono profundo, o corpo está literalmente a restaurar-se ao nível celular – reparando os danos do desgaste do dia e consolidando as memórias em armazenamento a longo prazo.

O sono de movimento rápido dos olhos, chamado REM, vem a seguir. Esta é a fase em que sonhamos. Estudos mostraram que a falta de sono REM pode levar a um défice de memória e maus resultados cognitivos, bem como a doenças cardíacas e outras doenças crónicas e à morte prematura.

Como cada ciclo de sono dura cerca de 90 minutos, a maioria das pessoas precisa de sete a oito horas de sono relativamente ininterrupto para obter um sono reparador. A falta crónica de sono afeta a sua capacidade de prestar atenção, de aprender coisas novas, de ser criativo, de resolver problemas e tomar decisões.  

Uma sesta sob escuta

Paller e sua equipa pediram a um pequeno grupo de 24 pessoas que tentassem memorizar fotografias de 80 rostos e os seus nomes correspondentes. Metade das imagens seriam de alunos de uma aula de História Latino-Americana; a outra metade foi descrita como alunos de uma aula de História Japonesa.

Cada pessoa foi então ligada a uma máquina de EEG, que regista a atividade elétrica do cérebro, e foi autorizada a fazer uma sesta durante o dia. 

Durante a sesta, os investigadores monitoraram cuidadosamente a atividade cerebral. Quando as ondas cerebrais mostravam que a pessoa estava em sono profundo ou de ondas lentas, alguns dos nomes que tinham estudado eram ditos numa voz baixa através de uma coluna.

Também passaram música associada às culturas japonesa ou latina para ajudar na associação. Foi demonstrado que a música ativa o hipocampo, a zona do cérebro associada ao armazenamento de memória a longo prazo.

“Quando os nossos participantes acordaram, foram relativamente melhores a reconhecer os rostos das pessoas e a lembrar-se dos respetivos nomes – em comparação com a memória de rostos e nomes não reativados durante o sono”, disse Paller.

As pessoas com períodos mais longos de sono profundo, segundo o estudo, tiveram a melhor recuperação de memória.

No entanto, se as ondas cerebrais mostraram que o sono da pessoa foi perturbado durante a sesta, não houve melhorias na memória. Essa é uma descoberta importante, disse o autor Nathan Whitmore, doutorando no Programa Interdepartamental de Neurociência da Northwestern, em comunicado.

“É uma descoberta nova e empolgante sobre o sono, porque nos diz que a forma como a informação é reativada durante o sono, para melhorar o armazenamento da memória, está ligada a um sono de alta qualidade”, disse Whitmore.

Emocionante o suficiente para usá-lo em casa? Ainda não, disse Paller.

“Atualmente, estamos a testar métodos para implementar estes procedimentos em casa”, disse ele à CNN. “No entanto, não há evidências suficientes para ter a certeza dos possíveis ganhos."

Estudos futuros devem ajudar a descobrir "como estas técnicas podem ser usadas de forma eficaz", disse ele. Enquanto isso, a chave para uma boa memória é obter um sono ininterrupto e de alta qualidade.

“Através do sono de alta qualidade, as nossas memórias ficam mais propensas a estar disponíveis quando precisamos delas, para que possamos usá-las para apoiar a tomada de decisões, a criatividade e a resolução de problemas”, disse Paller.

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