Tróia: implosão de duas torres inicia nova era em Setúbal

7 set 2005, 16:08

Iniciativa assinala o arranque de um conjunto de grandes projectos de desenvolvimento turístico no litoral alentejano

A implosão de duas torres do antigo complexo turístico da Torralta na península de Tróia, marcada para as 16:00 de quinta-feira, assinala o arranque de um conjunto de grandes projectos de desenvolvimento turístico no litoral alentejano.

Os dois edifícios, de um conjunto de seis torres construídas na década de 70, vão ser demolidos numa operação que deverá contar com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, do empresário Belmiro de Azevedo e dos autarcas da região.

Durante a tarde de quinta-feira são esperados em Tróia cerca de 300 convidados para assistirem à implosão das duas torres a partir do aparthotel Rosamar, que está encerrado para obras.

Os trabalhos de preparação dos dois edifícios foram feitos por uma empresa inglesa, contratada pelo grupo Sonae, que colocou cargas explosivas nos pontos mais frágeis, para provocar a implosão das duas torres.

Para que toda a operação decorra sem problemas, a Protecção Civil Distrital proibiu o acesso ás praias e ordenou a suspensão das carreiras fluviais da Transado entre Setúbal e Tróia, das 8:00 às 18:00, de quinta-feira, entre outras medidas de segurança que serão fiscalizadas pela GNR e a autoridade marítima.

Na península de Tróia está também prevista a presença de um dispositivo de prevenção, constituído por 40 bombeiros voluntários e dez viaturas, incluindo ambulâncias, das corporações de Alcácer do Sal e de Grândola.

As duas torres que serão demolidas estão situadas na zona central de Tróia, tecnicamente designada como Unidade Operativa de Planeamento 1 (UNOP1), onde estão previstos alguns dos equipamentos turísticos que o grupo Sonae-Turismo se propõe construir na margem esquerda do rio Sado, depois do acordo estabelecido há cerca de oito anos com o estado português.

O projecto de requalificação turística da península de Tróia prevê um investimento de mais de 300 milhões de euros numa área de 440 hectares, que inclui dois hotéis de cinco estrelas, aparthotéis, zona desportiva, um centro equestre, um parque de recreio aquático e uma marina.

Em parceria com o Grupo Amorim será também construído um casino e um centro de congressos.

Apesar do projecto de desenvolvimento turístico ter sido acompanhado por ambientalistas como Pedro Joanaz de Melo, a Associação para a Conservação da Natureza QUERCUS ainda tem muitas reservas sobre o futuro do empreendimento, para onde estão previstas mais de 7.000 camas turísticas e residenciais.

Segundo o vice-presidente da organização, Francisco Ferreira, a Quercus admite apresentar uma queixa à União europeia devido à mudança do cais dos ferry-boats para uma zona da Rede Natura 2000 - zona de alimentação dos golfinhos roazes -, o que poderá por em causa o futuro de toda a comunidade, que tem vindo a decrescer nos últimos anos.

"Em 1986 havia 40 golfinhos-roazes no estuário do Sado, em 2001 eram só 34 e em 2005 são apenas 27", justificou o vice-presidente da Quercus, manifestando o receio de que a deslocalização do cais dos ferries possa contribuir para acelerar o fim dos golfinhos no rio Sado.

"Estamos dispostos a dar o nosso acordo à construção do novo cais na zona de alimentação de golfinhos, desde que o Estado e a Sonae- Turismo se comprometam a regressar ao actual cais de embarque, caso se verifique que o novo percurso dos ferries prejudica a comunidade de golfinhos roazes", frisou Francisco Ferreira.

Nesse caso, acrescentou, "seria necessário assegurar acções de monitorização e de fiscalização e impor fortes restrições aos desportos náuticos".

Por outro lado, a Quercus considera que a resolução do Conselho de Ministros que aprovou o plano de pormenor da Unidade Operativa de Planeamento 1 (UNOP1) "deixa a porta aberta para transformar aquele espaço numa zona residencial, o que é a negação completa do desenvolvimento turístico que se pretende para aquela área.

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