Sinagoga do Porto elevou muro por causa do aumento do antissemitismo

23 jan 2015, 12:35
Ataque a sinagoga em Jerusalém (REUTERS)

Comunidade Judaica explica que decisão foi tomada «há meses», não estando diretamente relacionada com os atentados de Paris

A Comunidade Judaica do Porto quer elevar o muro da sinagoga local Mekor Haim, a maior da Península Ibérica, numa decisão que rejeita associar aos atendados ao jornal Charlie Hebdo, em Paris. Foi tomada «há meses», em articulação com a Agência Judaica Mundial (SOCHNUT), por causa do «aumento do antissemitismo no mundo e numa Europa de fronteiras abertas».

«Anualmente, há reuniões entre elementos da SOCHNUT e das comunidades judaicas que possam necessitar de proteção. Foi numa dessas reuniões que se entendeu necessária a elevação do muro da sinagoga do Porto», explicou à Lusa fonte da Comunidade Judaica do Porto.

A Câmara do Porto adiantou, por sua vez, que não entrou nos serviços «qualquer pedido» para a elevação do muro da sinagoga local, situada na rua Guerra Junqueiro. Fonte oficial da autarquia acrescentou que essa solicitação para a realização de obras na vedação «é necessária».

O atual Código Regulamentar do Município do Porto, que a Lusa consultou, estipula que «à face da via pública, os muros de vedação não podem ter altura superior a 1,70 metros».

O documento, que na redação anterior admitia vedações com dois metros, refere que «podem ser admitidas dimensões superiores, desde que devidamente fundamentadas».

Para a Comunidade Judaica do Porto, a elevação do muro é uma medida de reforço de segurança que tem sido seguida a nível mundial: «Muitas outras instituições judaicas mundiais, como escolas, sinagogas e outros estabelecimentos têm reforçado as medidas de segurança». A intenção é elevá-lo de modo a que a entrada pelo mesmo se torne impossível a qualquer pessoa. Estão a ser postas em prática «outras medidas de segurança há muitos anos», como câmaras de vigilância e um segurança que dorme no edifício.

Questionado sobre a forma como os judeus se sentem atualmente em território português, o rabino da Comunidade Judaica do Porto, Daniel Litvak, reconhecido pelo Rabinato Chefe de Israel, disse à Lusa que «Portugal é, talvez, o único país da Europa onde se pode andar de kipá na cabeça». O kipá é um chapéu usado por judeus do sexo masculino como sinal de respeito a Deus.

O «Jornal de Notícias» desta sexta-feira escreve que «a partir do próximo mês será construído em redor da Sinagoga do Porto, na rua Guerra Junqueiro, um muro com 3,5 metros de altura e arame farpado» e que .o alerta surgiu como consequência dos «atentados terroristas ao jornal Charlie Hebdo e a um supermercado judaico em Paris» e das «manifestações de anti-islamistas que têm varrido a Europa».

 

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