INEM abre processos disciplinares aos técnicos que falharam no socorro a utente que morreu

25 jun, 19:55

Morte de homem de 53 anos podia ter sido evitada, diz a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde. Entre o pedido de socorro e chegada de auxílio passou uma hora e 50 minutos, o que impossibilitou uma intervenção que lhe podia salvar a vida. Caso aconteceu durante greve no INEM

O INEM vai instaurar processos disciplinares aos dois técnicos identificados num relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde como os responsáveis pelo atraso do socorro a uma vítima que acabou por perder a vida. A IGAS confirmou esta quarta-feira que a morte de um homem de 53 anos esteve relacionada pela falta de socorro, um caso que aconteceu durante a greve do setor, entre outubro e novembro de 2024.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde sugeriu ao INEM a abertura de um processo disciplinar, o qual, segundo confirmou a CNN Portugal, está já a ser feito pela direção do mesmo.

O Ministério da Saúde já reagiu e aponta para a responsabilidade de "comportamentos individuais" e não para a greve do INEM. "As causas das falhas no socorro deste caso terão, alegadamente, sido comportamentos individuais subsequentes ao atendimento da chamada de emergência, e não a greve do INEM", lê-se num comunicado enviado às redações.

"As causas da demora serão outras, alegadamente relacionadas com alegada 'falta de zelo, de cuidado e de diligência' de dois profissionais em concreto que intervieram no processo de socorro. Sobre esses comportamentos, o relatório refere que os profissionais 'não atua[ram] segundo as boas práticas da emergência médica' e se lhes 'exigia outra atitude mais célere e expedita, em concreto na triagem e “despacho de meios'", argumenta o Ministério da Saúde.

O Governo diz ainda que, "em dois relatórios, a IGAS terá concluído não existir causalidade entra as mortes e um alegado atraso no socorro do INEM", mas "um outro relatório, hoje noticiado, terá concluído que a morte do utente em causa 'poderia ter sido evitado caso tivesse havido um socorro num tempo mínimo razoável'". "Segundo a versão do relatório conhecida, a eventual demora na chegada do socorro do INEM, e ao contrário do que foi aventado por alguns, não é atribuída à existência de greve no INEM, nem sequer a uma demora no atendimento da chamada pelo CODU", sublinha o Governo, que vinca o caso deve ser atribuído à intervenção dos dois técnicos em questão. PODE LER AQUI NA ÍNTEGRA O COMUNICADO DO MINISTÉRIO.

Vítima esteve uma hora e 50 minutos à espera

A vítima tinha 53 anos, morreu por enfarte agudo do miocárdio, mas “este desfecho fatal podia ter sido evitado caso tivesse havido um socorro num tempo mínimo e razoável” do INEM. A conclusão é da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que confirma assim que pelo menos uma das 12 mortes ocorridas em outubro e novembro de 2024 durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar - e que estão a ser investigadas - esteve relacionada os atrasos verificados no organismo naqueles dias  

Este caso que a IGAS considera que podia ter sido evitado é relativo a um homem de Pombal e ocorreu a 4 de novembro - dia em que no INEM se acumularam duas greves e que em alguns períodos do dia mais de 70% das chamadas de socorro ficaram por atender. 

Segundo o relatório da IGAS, a que CNN Portugal e a TVI tiveram acesso, entre a primeira chamada telefónica para o 112 feita pela mulher da vítima e a chegada do meio de auxílio (Vmer) passou uma hora e 50 minutos, o que impossibilitou que o homem conseguisse ser submetido a tempo a uma “angioplastia coronária” num dos hospitais da zona, o que lhe podia salvar a vida.  

“A demora do atendimento”, referem os inspetores da IGAS, é “revelador de ineficiências” e “juridicamente censurável”, uma vez que perante a análise de todas as chamadas telefónicas é possível verificar que alguns profissionais revelaram falta de zelo, não atuando segundo as boas práticas médicas de dois profissionais - que podem agora ser alvo de processos-disciplinares do INEM.   

Dos 12 casos que estão em investigação na IGAS, faltam ainda relatórios finais sobre nove casos. Além deste de Pombal, a IGAS já concluiu um relativo a um homem de Cacela a Velha e uma mulher de Castelo de Vide, tendo concluindo que no caso destas duas vítimas não se confirma uma relação direta entre a morte e os atrasos no socorro do INEM. Apesar disso, os inspetores sublinharam em ambos os casos a gravidade dos atrasos na emergência médica - seja no atendimento, seja no acionamento de meio de socorro.

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