Para o sindicato, os polícias não vão ter uma “justa compensação pelo trabalho que irão exercer na JMJ”, tendo feito as contas.
O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) contestou esta quinta-feira as afirmações do ministro da Administração Interna sobre as ajudas de custo pagas aos polícias durante a Jornada Mundial da Juventude, considerando que um agente vai receber 10 euros por dia.
“Questionamos o senhor ministro da Administração Interna, se considera justo e adequado que, contas feitas, um polícia na realidade receba cerca de 10 euros por dia limpos de ajudas de custo para trabalhar na Jornada Mundial da Juventude vários dias afastado da sua casa, da sua família e sem direito a estar de férias”, precisa o Sinapol, num comunicado enviado à Lusa.
Esta reação do Sinapol surge após José Luis Carneiro ter garantido, na terça-feira no parlamento, que os polícias envolvidos na segurança da JMJ vão ter redução de horários, remuneração pelo trabalho excecional e pagamento das ajudas de custo a 100%.
“Controlo de fronteiras, reforço operacional, condições remuneratórias pelo trabalho excecional, ajudas de custo a 100% para deslocados, turnos reduzidos de oito horas para seis horas, condições de alojamento, transporte, refeições, articulação com o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais e testes às redes de comunicações são algumas das importantes matérias que têm sido acauteladas em tempo”, disse o ministro durante uma audição na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades Garantias.
Para o sindicato, os polícias não vão ter uma “justa compensação pelo trabalho que irão exercer na JMJ”, tendo feito as contas.
“Durante os seis dias, os polícia terão direito às ditas ajudas de custo a 100%, ou seja, a 43,39euos/dia, sendo que por imposições legais, aos 43,39 euros é automaticamente subtraído por cada dia de diligência o valor de seis euros, correspondente ao subsídio de alimentação, pois as ajudas de custo já incluem o valor destinado para a alimentação, logo não podem ser cumulativamente pagas ambas as gratificações”, explicou.
O Sinapol acrescenta que “na realidade o valor diário que cada polícia irá auferir em ajudas de custo será de 37,39 euros”, que têm ainda de subtrair todas as despesas relacionadas com alojamento e alimentação.
“Apesar do ministro ter anunciado a disponibilização de locais de alojamento, esqueceu-se de afirmar que esses alojamentos não serão gratuitos, mas sim suportados pelos próprios polícias, bem como também terão de pagar pelo menos três das quatro tradicionais refeições diárias, uma vez que a comissão organizadora da JMJ, em princípio apenas irá oferecer uma refeição gratuita por dia e não quatro”, indica o Sinapol.
O sindicato refere ainda que está há dois anos a alertar sucessivamente a tutela para os baixos valores das ajudas de custo pagos aos polícias em diligência, uma vez que desde 2013 que “não sofrem qualquer atualização”, estando por isso “totalmente desfasado da realidade económica e financeira do país”.
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública já avançou que mais de 10.000 polícias vão estar mobilizados para a segurança e policiamento da JMJ, que ser realiza em Lisboa na primeira semana de agosto.
Dos 10.000 polícias, 2.700 vêm de outros comandos do país para reforçar o Comando Metropolitano de Lisboa, que tem cerca de 7.000 elementos.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se entre 01 e 06 de agosto em Lisboa, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
A edição deste ano contará com a presença do Papa Francisco, que estará em Portugal entre 2 e 6 de agosto.
A JMJ de Lisboa esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia da covid-19.