Google retira da Play Store jogo polémico chamado “Simulador de Escravidão”. “Faltavam mais opções de tortura", lia-se nas avaliações

CNN Brasil , Por Léo Lopes e Letícia Cassiano
25 mai 2023, 17:50
"Simulador Escravidão"

Produtora Magnus Games alega que o "jogo foi criado para fins de entretenimento" e diz que "condena a escravidão no mundo real"

Google retirou - depois de ter estado disponível para download em Android durante mais de um mês na Play Store - um “jogo” intitulado “Simulador de Escravidão”, no qual o utilizador pode simular ser um proprietário de pessoas escravizadas. A decisão foi tomada esta quarta-feira depois de várias denúncias contra a aplicação.

Lançado na Play Store a 20 de abril, a aplicação ficou indisponível por volta das 17:30 desta quarta. A CNN Brasil contactou a Google, que respondeu, através de comunicado, que a aplicação foi removida da Google Play.

“Temos um conjunto robusto de políticas que visa manter os utilizadores seguros e que deve ser seguido por todos os programadores. Não permitimos apps que promovam violência ou incitem ao ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas. Qualquer pessoa que acredite ter encontrado uma aplicação que esteja em desacordo com as nossas regras pode fazer uma denúncia. Quando identificamos uma violação de política, tomamos as ações devidas”, diz a empresa em comunicado.

Google já retirou a aplicação da Play Store

A produtora responsável pelo jogo, a Magnus Games, afirmava na aplicação que o utilizador podia “trocar, comprar e vender escravos”.

“Escolha um dos dois objetivos no início do simulador do proprietário de escravos: o Caminho do Tirano ou o Caminho do Libertador. Torne-se um rico proprietário de escravos ou consiga a abolição da escravatura. Tudo está nas suas mãos”, lê-se na descrição feita pela empresa.

Utilizador podia comprar e vender escravos ou tentar abolir a escravatura

Numa das modalidades oferecidas, era feita a descrição: “Use escravos para seu próprio enriquecimento. Evite a abolição da escravatura e acumule uma certa quantia em dinheiro.”

A Magnus Games alega que o “jogo foi criado exclusivamente para fins de entretenimento”. “O nosso estúdio condena a escravidão sob qualquer forma. Todo o conteúdo do jogo é fictício e não está vinculado a eventos históricos específicos. Todas as coincidências são acidentais”, lê-se a dada altura durante o jogo, tal como se pode ver na imagem seguinte.

Produtora do jogo alega que "condena a escravatura no mundo real"

Conforme mostrava a própria Google, o jogo foi lançado a 20 de abril deste ano, foi descarregado por mais de mil utilizadores e possuía a classificação de nível de restrição “livre”.

A própria Google detalha no seu site que a classificação desta categoria para o Brasil indica que “o conteúdo é adequado a todas as idades", sendo que "por vezes pode apresentar algum elemento de baixíssimo impacto, como violência infantilizada”.

Ainda de acordo com a plataforma, o jogo possuía uma nota de quatro estrelas entre um máximo de cinco.

“Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava mais opções de tortura. Podiam colocar a opção de açoitar o escravo também”, avaliou a 22 de maio o utilizador “Mateus Schizophrenic”, que deu cinco estrelas.

“É inacreditável que esse tipo conteúdo esteja disponível e acessível para crianças”, escreveu no mesmo dia o utilizador Lucas Lima, que deu nota mínima.

A CNN também entrou em contato com a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Games (Abragames). Em comunicado, a associação afirmou condenar quaisquer condutas, discursos ou iniciativas que ultrapassem o respeito à dignidade humana e que possam ferir a honra de indivíduos ou grupos, inclusive em jogos.

A CNN tentou ainda contactar a produtora Magnus Games.

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