Presidente da Câmara Municipal de Setúbal refere estar "totalmente disponível" para prestar esclarecimentos necessários à Assembleia da República e "repudia com veemência toda a campanha de mentira e distorção dos factos montada em torno desta matéria"
A Câmara Municipal de Setúbal emitiu este sábado um comunicado em que "repudia com veemência toda a campanha de mentira e distorção dos factos montada em torno" da polémica gerada com o alegado acolhimento de refugiados ucranianos por associações pró-russas e refere que, "caso o Governo entendesse que as suspeitas lançadas pela embaixadora" da Ucrânia em Portugal em exclusivo à CNN Portugal eram "credíveis, deveria, de imediato, ter informado a Câmara Municipal de Setúbal, e as outras autarquias onde existem associações de imigrantes alvo de suspeitas, da necessidade de adotar medidas". A autarquia explica que isto "não aconteceu, embora se saiba que é o Governo quem detém os necessários instrumentos para averiguar acusações de espionagem".
Referindo que a embaixadora Inna Ohnivets afirmou, na entrevista, que há organizações pró-russas’ que estão infiltradas no apoio aos refugiados e que podem receber informação sobre os dados pessoais destes refugiados e dos seus familiares que lutam no exército ucraniano”, a autarquia reitera que fica claro que "a Câmara Municipal solicitou com a máxima celeridade ao Governo que prestasse esclarecimento sobre as suspeitas levantadas pela senhora embaixadora a propósito da associação de imigrantes de Leste que colabora com a autarquia setubalense desde 2005".
Por outro lado, a autarquia de André Martins explica que, "logo que surgiram as primeiras suspeitas", pediu a intervenção direta "de quem, no Governo, tutela o Alto Comissariado para as Migrações, não tendo, contudo, até hoje obtido qualquer resposta". "Não corresponde, pois, aos factos que a Câmara Municipal não tenha solicitado esclarecimentos ao senhor Primeiro-ministro", sublinha ainda, em resposta às declarações de António Costa que, esta sexta-feira, disse que a carta enviada pelo presidente da Câmara foi "um protesto sobre declarações da embaixadora ucraniana à CNN Portugal" e não um pedido de esclarecimento.
O comunicado da autarquia sadina refere-se também ao alerta feito, e noticiado em primeira mão pela CNN Portugal, pelo presidente da Associação de Ucranianos em Portugal às secretas portuguesas, lamentando que o Serviço de Informação da República Portuguesa "não tenha informado as diversas câmaras municipais ou entidades que acolhem refugiados para eventuais ações que possam configurar atos de espionagem".
Sublinhando também que está "totalmente disponível" para prestar os necessários esclarecimentos na Assembleia da República, André Martins afirma que a Câmara Municipal "repudia com veemência toda a campanha de mentira e distorção dos factos montada em torno desta matéria", garantindo que "tudo fará" para continuar a dar "o necessário e mais do que justificado apoio a todos os refugiados que nos procurarem, como tem feito desde o início da guerra".