PS pediu um debate de urgência para discutir a "instabilidade no SNS" e a "falta de respostas" aos problemas no setor. Ana Paula Martins não foi
Num debate de urgência sobre os problemas que afetam o Serviço Nacional de Saúde, a ausência da ministra Ana Paula Martins não deixou a bancada socialista indiferente. Em representação da ministra, a secretária de Estado Ana Povo respondeu às acusações de conivência por parte de alguns partidos em relação à polémica demissão de Gandra D'Almeida: "O Governo não tinha conhecimento da acumulação de funções". Gandra D'Almeida deixou de ser diretor-executivo do SNS porque acumulou indevidamente durante mais de dois anos as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão.
"Não se podem tirar conclusões antecipadas", continuou Ana Povo, acrescentando que não se iria pronunciar até ao fim da investigação que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde está a fazer. Já do ponto de vista político, diz que "o Parlamento fará naturalmente e correspondentemente o seu escrutínio".
Servindo-se da conclusão do relatório de avaliação sobre a competência do diretor-executivo demissionário, Ana Povo descreveu então o perfil comportamental de Gandra D'Almeida como "uma pessoa empática, determinada, leal, empenhada e com elevado sentido público", exaltando os ânimos de alguns grupos parlamentares.
As sua intervenção foi seguidamente dirigida ao Partido Socialista, que acusou repetidamente o Governo de ser o principal responsável pelos problemas no Serviço Nacional de Saúde e pela acumulação de funções de Gandra D'Almeida até à sua demissão. Ana Povo disse assim: "Instabilidade no SNS? Pois sim, instabilidade de uma herança de um governo anterior de oito anos e 10 meses, e nem quero falar aqui de oito anos de governação"
Ana Povo também criticou a "famosa reforma do SNS" anunciada pelo anterior Executivo, que considera ter sido "feita à pressa em final de legislatura". Embora tenha resultado na transformação de 39 unidades locais de saúde, na sua ótica, "não acautelou as transferências adequadas das ARS" e "criou instabilidade na ausência de saber fazer essa reforma".
"Problemas temos resolvidos muitos", defende, passando a enumerar "a vacinação, os rastreios" e "tudo feito a nível regional".
Sobre carreiras, lembra o inverno de 2023, no qual a própria trabalhou, quando "os colegas meteram recusa às horas extras" e "maior parte das urgências estava fechada". "Vamos falar sobre a rede de respostas de urgência, o que é que foi feito? Uma summit para juntar numa sala todos os diretores de urgências deste país. E o que é que a summit fez? Uma série de recomendações. E foram implementadas essas recomendações no governo anterior? Não, não foram".
A secretária de Estado assume que o Governo não está orgulhoso dos problemas apresentados, mas mostra-se otimista: "Temos este ano menos 20% de tempo de espera na urgência".