"Para o PS, que é implacável com o exotismo pró-russo do PCP, Lula é o Gandhi": o socialista Sérgio Sousa Pinto considera que a Portugal "não serve o papel de ser o papagaio do Brasil"

21 abr 2023, 15:50
TAP: “O PS devia viabilizar a comissão de inquérito”

Deputado critica posição do partido perante as palavras do presidente do Brasil sobre a guerra

“O PS, implacável com o exotismo pró-russo do PCP no debate doméstico, tenta, no plano externo, disfarçar e relativizar o notório alinhamento do Brasil com a Rússia, explicitado pelo seu Presidente em termos já bem conhecidos nossos e que não se prestam a equívocos”: num artigo de opinião publicado no semanário Expresso, o deputado socialista Sérgio Sousa Pinta critica a postura do seu partido perante a visita do presidente do Brasil, que acontece poucos dias após Lula ter colocado Portugal entre os culpados pela guerra na Ucrânia.

“Segundo o PS, via a sua trapalhona, excêntrica e arrevesada tomada de posição, Lula é o Gandhi que a situação reclamava”, escreve Sérgio Sousa Pinto, apontando que “nem a China foi tão longe” na sua postura perante a guerra, que desde o início tem sido de grande “ambiguidade”. O político coloca mesmo Lisboa ao lado de Moscovo e Pequim nesta visão.

Ao invés da posição do PS, defende Sérgio Sousa Pinto que “qualquer pessoa com um módico de boa-fé reconhece que a linha política adotada pelo presidente do Brasil a respeito da guerra na Ucrânia é completamente incompatível com a posição adotada pela generalidade das democracias ocidentais, entre as quais Portugal”.

É aí que se regressa às críticas que o Governo, e o PS, têm feito ao PCP, que desde o início se recusou a condenar a invasão russa. Sérgio Sousa Pinto afirma que “as palavras que Lula da Silva tem dedicado ao assunto são essencialmente iguais às que o nosso PCP tem vertido em comunicados, declarações e votos na Assembleia da República”.

Sérgio Sousa Pinto pede, portanto, que se interrompa “uma longa tradição de bajulação de Brasília”, pedido “verdade e rigor” naquilo que separa a posição portuguesa daquela que o Brasil tomou. “O Brasil já não pode, nem quer, intermediar qualquer processo de paz credível; só quer piscar o olho à Rússia e à China. Está feito”, acrescenta.

“Dispensamos as habilidosas, infantis e desonestas tentativas de transformar as legítimas escolhas de política externa do Brasil noutra coisa diferente daquilo que são. Esses esforços e manigâncias são não só ofensivos da inteligência dos nossos parceiros, como comprometedores da credibilidade da nossa política externa. Apenas servem para expor ao mundo um papel que, definitivamente, não nos serve: o de sermos papagaios do Brasil.”

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