O Mundial que Rui Costa nem queria ver

12 dez 2022, 09:38

A Máquina do Tempo viaja até 1998, quando o então jogador da Fiorentina deu o pontapé de saída no Mundialzinho... exatamente no mesmo dia em que começou o Mundial 98

10 de junho de 1998.

Enquanto no Stade de France, em St. Denis, Brasil e Escócia davam o pontapé de saída no Mundial 98, que a França de Zidane, Djorkaeff, Deschamps e Desailly haveria de ganhar, em Lisboa Rui Costa viajava até ao Parque das Nações para dar o pontapé de saída... no Mundialzinho.

Aproveitando a realização da Expo 98 em Lisboa, a Escola de Futebol de Rui Águas organizou uma competição em que 44 escolas de todo o país, e até uma de Timor Leste, se defrontavam num estádio improvisado no Parque das Nações, cada uma representando um país.

Ora aquele Mundialzinho foi o mais perto que Rui Costa esteve, e o mais perto que quis estar, do verdadeiro Mundial de futebol, que se jogava em dez estádios espalhados por toda a França.

O então jogador da Fiorentina ainda tinha bem presente a forma como Portugal foi afastado quase um ano antes do Mundial 98, após um empate na Alemanha: a Seleção Nacional estava a ganhar o jogo que não podia perder, quando Marc Batta mostrou o segundo amarelo a Rui Costa pode estar a sair de campo de forma lenta (supostamente).

Em superioridade numérica, e perante o descontrolo emocional de uma Seleção Nacional que reagiu muito mal àquela expulsão, a Alemanha ainda conseguiu chegar ao empate que lhe bastava para na última jornada garantir o apuramento e atirou Portugal para fora do Mundial de França.

«O facto de eu estar aqui significa que não estou em França e isso traz-me uma enorme mágoa. Tudo aquilo que se possa relacionar com o Mundial de futebol faz-nos sempre pensar como nós não estamos lá e a oportunidade que nós perdemos nas nossas carreiras», referia.

«Pela primeira vez na minha vida não estou com vontade de acompanhar um Mundial, pela mágoa de não estarmos lá. Estou a ver um bocado ao longe, custa-me dar-lhe atenção. Não há uma seleção que eu queria puxar até ao fim, porque queria puxar e não posso.»

A verdade é que Portugal empatou na Arménia e na Irlanda do Norte, perdeu na Ucrânia e acabou a fase de apuramento em terceiro lugar do grupo, com menos três pontos do que a Alemanha e menos um do que a Ucrânia. Fora das posições de apuramento. 

Se tivesse vencido na Alemanha, a Seleção Nacional teria terminado em primeiro lugar do grupo, com mais um ponto do que a Alemanha, que seria segunda classificada. 

Por isso quando foi expulso aos 7a minutos do jogo em Berlim, Rui Costa chorou copiosamente.

Ulf Kirsten acabaria por fazer o empate aos 80 minutos e o agora presidente do Benfica nunca perdoou ao árbitro Marc Batta. Tanto assim que em 2014, por exemplo, Marc Batta esteve no Estádio da Luz para um jogo europeu, na qualidade de observador de árbitros da UEFA, e tentou através de um dirigente da Federação marcar um encontro informal para cumprimentar Rui Costa. O então administrador da SAD do Benfica não aceitou e garantiu que só iria perdoar o francês quando ele pedisse desculpa a Portugal.

Batta, refira-se, nunca pediu desculpa e nunca admitiu que aquele segundo amarelo possa ter sido um erro. Por isso continua a ser pessoa non-grata em Portugal, e entre os portugueses. Ao ponto de já lhe ter acontecido ser expulso de um táxi em Paris... que era conduzido por um taxista português.

«Máquina do tempo» é uma rubrica do Maisfutebol que viaja ao passado, através do arquivo da TVI, para recuperar histórias curiosas ou marcantes dos últimos 30 anos do futebol português.

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