Roberto Martínez achou que era demasiado resolver já. E por isso Portugal ainda não está no Mundial 2026

14 out, 21:41
Portugal-Hungria (Foto: RODRIGO ANTUNES/Lusa)

É difícil dizer outra coisa: Portugal joga poucochinho para a qualidade dos jogadores que tem. Hoje isso teve efeitos práticos

Quem tem os melhores jogadores do mundo pode ganhar qualquer jogo. Essa é a sorte do selecionador nacional, Roberto Martínez, que está com visíveis dificuldades em explicar aos seus rapazes como é que podem jogar na Seleção o que jogam nos clubes.

Não fosse um tal de Cristiano Ronaldo a fazer dois golos aparentemente fáceis - é preciso lá estar pois, mas que só alguém como ele, com o instinto de golo que ele tem, é que pode marcar -, e até podia ser pior.

Portugal entrou a perder com uma frágil Hungria, conseguiu empatar e depois virar por Cristiano Ronaldo, que encostou duas bolas que requeriam faro de golo, coisa que ele ainda tem como ninguém.

O problema é que no banco se ligou o complicómetro. Roberto Martínez quis recuar, e depois recuar, e depois recuar e recuar ainda mais, deixando total espaço à Hungria para empatar na casa daquela que se quer como uma das candidatas a vencer o Mundial de 2026, que se vai realizar nos Estados Unidos, Canadá e México.

Mesmo que nos apurássemos já hoje - vamos apurar-nos, era o que faltava -, seria sempre apesar de Roberto Martínez. Provavelmente por causa de Cristiano Ronaldo e de mais um ou outro que quis remar contra o marasmo.

Não é que empatar com a Hungria em casa seja caso para desesperar. Acontece a todos e já aconteceu a França ou Alemanha nesta qualificação. O problema não é, portanto, o resultado, mas antes a exibição brutalmente problemática contra um adversário mais que acessível.

Dominik Szoboszlai é classe mundial, mas é o único que salta à vista nos magiares. Do lado de cá temos o melhor lateral esquerdo do mundo, um dos melhores guarda-redes, os melhores médios, um dos melhores centrais, Cristiano Ronaldo. Só que disseram-lhes que a ganhar é para não ter bola, é para não atacar, é para defender.

E isso eles não sabem nem podem fazer. Para quê colocar João Félix se o objetivo é erguer uma muralha? Talvez Roberto Martínez saiba porquê, já que foi ele que não quis que Portugal carimbasse já hoje a qualificação para o Mundial de 2026. Querer até queria, claro, mas não queria assim tanto. Se calhar é o lado português do selecionador a vir ao de cima, aproximando-se um pouco dos apuramentos quase sempre sofridos que esta Seleção tem de fazer.

Portugal vai ao Mundial de 2026, já que qualquer coisa que não isso era quase uma traição à Pátria. Mas quando for, será sempre apesar de Roberto Martínez.

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