Fernando Santos: «Podíamos facilmente ter resolvido o problema»

24 nov 2022, 19:21
Fernando Santos no Portugal-Gana

Mundial 2022: Portugal-Gana, 3-2 (reportagem)

Fernando Santos, selecionador nacional, em declarações aos jornalistas na conferência de imprensa após a vitória de Portugal sobre o Gana por 3-2 no Mundial 2022:

«Portugal foi dominador na primeira parte. Mas não fomos tão incisivos como podíamos e devíamos ter sido. Só a partir dos últimos 15 minutos é que conseguimos acelerar mais o jogo e chegar mais a zonas de finalização, com mais variedade e criatividade. Aí, sim, conseguimos criar três ou quatro situações de grande perigo e até de iminente golo. Mas até aí foi um controlo do jogo, mas faltou a fluidez e a criatividade que tivemos no último jogo e que acho que os meus jogadores têm capacidade de fazer. Mérito também do Gana, que se apresentou muito fechado. (…) Mas acho que podíamos ter feito melhor na primeira parte, apesar de termos feito coisas boas.

Ao intervalo disse aos jogadores que devíamos manter o que estávamos a fazer bem. Principalmente os índices de concentração, a reação à perda da bola, a concentração ao nível da organização defensiva, sempre a pressionar alto e a não dar espaço para o adversário fazer aquilo em que é forte: o ataque rápido. Tínhamos de aumentar a fluidez do jogo, para criar mais situações e confusão ao adversário no setor defensivo. Acabámos por chegar ao golo e a partir daí o jogo foi um jogo muito de altos e baixos. O Gana acabou por fazer um golo, creio que na única situação que teve, mas fez e com muito mérito.

Reagimos bem, fizemos dois golos e quando o jogo estava 3-1, a dois minutos do final do tempo regulamentar, esta equipa - tem uma enorme capacidade para segurar a boa e roubar a bola ao adversário – acabou por se pôr a jeito. Mas pronto: agora, vamos descansar e refletir sobre isto. Vamos conversar sobre este jogo em que fizemos coisas muito interessantes e tivemos alguns momentos menos bons.»

[Fica mais chateado pela forma como surgiram golos vindos do nada ou mais feliz pela reação da equipa ao primeiro golo do Gana?]

«Diria as duas. Fiquei contente pela forma como reagimos, muito bem, mas também fiquei contente antes com muitas coisas que fizemos bem. Mas a reação, e a velocidade que colocámos nesse momento do jogo, foi muito importante. Obviamente que não fiquei satisfeito com os dois golos sofridos: não posso ficar nunca. Como disse o João [Félix], foram golos que surgiram do nada. Vamos ver o jogo e assimilar o que temos de fazer.»

[O que era preciso fazer de diferente para evitar a ansiedade e o que é preciso corrigir? Está preocupado, uma vez que o Uruguai, o próximo adversário, é teoricamente mais complicado?]

«Preocupado, não! Mas vamos olhar para o jogo e perceber o que é que não correu bem. Isso sim. Mas não é uma questão de preocupação. O que é que devíamos ter feito era fácil: era ter a bola e sair em contra-ataque. Fizemos isso podíamos ter feito o quarto golo em duas situações fáceis de finalizar. Era retirar a bola ao adversário, que estava partido, e havia muito espaço para jogar a partir daí e podíamos ter facilmente resolvido o problema com a qualidade que temos.»

[Esperava esta forma de jogar do Gana?]

«O Gana já tinha jogado assim na segunda parte do jogo com o Brasil. Os dois jogos que visualizámos foram precisamente os jogos com o Brasil e com a Suíça. (…) Eu achava que o Gana ia estar mais perto do que foi com a Suíça, porque jogou muito bem nesse jogo, e achava que podia estar mais perto dessa forma, mas obviamente que tínhamos essa forma ponderada, porque tínhamos visto com o Brasil. Mas teria apostado mais num 4x4x1x1 com tinha jogado com a Suíça.»

[Nas redes sociais, o árbitro está a ser criticado por não ter consultado o VAR no lance que originou o penálti de Ronaldo. Que opinião tem? Devia ter consultado o VAR?]

«Com esta tecnologia que há, nas redes sociais pode dizer-se o que se quiser. Eu também achei que no lance do João Félix, na primeira parte, o árbitro devia ter ido ao VAR. Também achei que no lance que podia dar a expulsão do jogador do Gana, também devia ter ido ao VAR. Mas se o VAR tivesse dúvidas em relação ao lance do penálti, o do defesa-direito do Gana ou o da expulsão, diria ao árbitro para ir ver. Se não o fez, é porque a visualizar o lance, achou que não tinha de avisar.»

[Alguns jogadores parecem ter saído cabisbaixos, nomeadamente o Diogo Costa depois daquele lance no final do jogo. Acredita que eles neste momento podem ter uma perceção um pouco toldada do que foi o jogo e que quando falar com eles essa visão do jogo já seja diferente?]

«Acredito que sim. Amanhã já terão o jogo no quarto. Essa é uma das técnicas que utilizamos. Para que cada um pense por si. E depois falaremos em conjunto sobre as incidências do jogo. A emoção foi tanta na fase final que eu, se me perguntarem como foram os golos, já nem sei. E com os jogadores acontece a mesma coisa. (…) Os jogadores são profissionais e é normal que um ou outro jogador tenha saído com a cabeça mais em baixo, mas tem de levantar porque Portugal ganhou e tem é de pensar e dizer: ‘Ok, não fiz isto tão bem. Sei fazer muito melhor’. E seguir em frente e ganharmos, que é o mais importante.»

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