Portugal a defender o título: guia para o caminho até ao Euro 2020

22 mar 2019, 10:47
Portugal-França (Reuters)

Seleção Nacional entra em campo como campeã da Europa, do alto do estatuto e também da responsabilidade. Num apuramento mais curto do que o habitual, para chegar a um torneio geograficamente mais disperso que nunca: 12 cidades, 12 estádios, 12 países. E com novidades, algumas bem confusas, pelo meio

Aí está algo novo para Portugal, entrar na qualificação para uma grande competição como detentor do troféu. A Seleção Nacional inicia nesta sexta-feira frente à Ucrânia a campanha para o Euro 2020 como campeã da Europa, a defender o título conquistado em 2016 no Stade de France. Do alto do estatuto mas também da responsabilidade que começa a ser posta à prova desde já, a tentar pôr-se a salvo de sobressaltos numa caminhada de apuramento mais curta do que o habitual. Para chegar a um torneio geograficamente mais disperso que nunca: 12 cidades, 12 estádios, 12 países diferentes, de Bilbao a Baku.

São várias as mudanças para o próximo Europeu, a maior das quais essa digressão pela Europa que representa a fase final, uma decisão da UEFA a pretexto do seu 60º aniversário. Começa em Roma a 12 de julho e acaba na Final Four em Londres, com a final marcada para Wembley a 12 de julho.

Portugal integra o Grupo B com Ucrânia, Sérvia, Lituânia e Luxemburgo. Procura a 11ª qualificação consecutiva para uma fase final, um recorde e um registo que já colocou a seleção num clube restrito. Apenas Alemanha, Espanha e França o conseguiram também.

Muito mudou desde aquele 10 de julho de 2016, em Paris. Há vários jogadores que se afirmaram na seleção desde então, outros a quem Fernando Santos começa a dar oportunidades. Olhando para os 23 do Euro 2016 e para os jogadores que serão opção nesta dupla jornada com Ucrânia e Sérvia, há 14 novidades. Três delas absolutas: João Félix, Diogo Jota e Dyego Sousa.

Com Cristiano Ronaldo de volta, ele que não jogava na seleção desde o Mundial 2018, Portugal procura desde já não falhar no arranque, fugindo ao que tem sido regra: desde o Euro 2000 que Portugal não vence o jogo de estreia na qualificação.

Partir como campeão europeu em título não dá vantagem extra, para uma campanha onde não há aliás ninguém com lugar garantido à partida, incluindo os países anfitriões.

Como será a qualificação

Continuam a apurar-se 24 equipas, um número que já vem do alargamento no Euro 2016, mas a qualificação faz-se a dois tempos. Há 20 apurados que vão sair da fase regular de qualificação, os dois primeiros de cada um dos 10 grupos. Os outros quatro sairão de quatro play-offs via Liga das Nações. Um caminho alternativo para quem ficou de fora, mas cujos participantes só ficarão definidos em março de 2020, já depois do sorteio da fase final.

Na qualificação há cinco grupos com cinco seleções e outros tantos com seis. Portugal, Inglaterra, Suíça e Holanda, como finalistas da Liga das Nações no próximo verão, ficaram num dos grupos mais pequenos, portanto com menos jogos.

Veja aqui os jogos e os grupos da qualificação para o Euro 2020

O apuramento joga-se em versão condensada, daqui até meados de novembro deste ano, com cinco janelas para duplas jornadas (21 a 26 de Março, 7 a 11 de Junho, 5 a 10 de Setembro, 10 a 15 de Outubro e 14 a 19 de Novembro). Portugal e as outras seleções que jogarão a Final Four da Liga das Nações estão isentos das datas de junho.

E agora, mais complicado, os play-offs

A 19 de novembro haverá então 20 finalistas conhecidos e entram em campo os play-offs pelos restantes quatro. Aqui é que a coisa se complica, numa fórmula que dará seguramente muitas voltas até se encontrar as seleções que irão disputá-los.

À partida têm acesso os 16 vencedores dos grupos da Liga das Nações, com os play-offs a jogarem-se também em sistema de final four, um por cada uma das quatro ligas, em local único. Mas se os vencedores já se tiverem qualificado pela via normal dão o seu lugar à equipa seguinte na tabela da sua Liga. Ou de outra divisão dentro da mesma Liga, ou de outra Liga. De acordo, segundo a UEFA, com o ranking geral da Liga das Nações.

Mas há mais restrições. Os vencedores dos grupos não podem defrontar no play-off seleções de uma Liga superior, pelo que as alterações que se fizerem à ordem original terão de respeitar a hierarquia dos grupos. É confuso, sim.

Adiante. Neste momento, Portugal já tem portanto assegurado pelo menos o lugar no play-off, como vencedor do seu grupo da Liga A.

As seleções com lugar pré-reservado no play-off são estas:

Liga A: Inglaterra, Holanda, Portugal, Suíça

Liga B: Bósnia, Dinamarca, Suécia, Ucrânia

Liga C: Finlândia, Noruega, Escócia e Sérvia

Liga D: Bielorrússia, Macedónia, Geórgia e Kosovo

Sorteio a 30 de novembro, mas ainda pode haver mais um

Mas, como já percebemos, isto ainda vai levar muitas voltas. Vai-se perceber a 19 de novembro, com o sorteio dos play-off marcado logo para 22 de novembro. Os jogos, esses, só acontecerão entre 26 e 31 de março.

Pelo meio haverá sorteio da fase final, marcado para 30 de novembro, em Bucareste. Esse sorteio define já os grupos, mas a constituição completa só será encontrada no final dos play-offs de março. E até pode ser necessário um sorteio adicional, que já está previsto para 1 de abril, caso «não tenha sido possível finalizar a composição dos grupos» aquando do sorteio original, de acordo com a UEFA. Ou seja, na eventualidade, nomeadamente, de algum ou alguns dos anfitriões jogarem os play-offs e os seus lugares estarem em aberto.

É então a 1 de abril de 2020, pouco mais de dois meses antes do arranque da fase final, que toda a gente ficará finalmente a conhecer adversários e pode começar a preparar o Campeonato da Europa. Exige muito planeamento, para as seleções e para os adeptos.

De Roma a Londres, onde se vai jogar

Pela primeira vez, a fase final do Campeonato da Europa vai decorrer em 12 países diferentes. Eram originalmente 13 cidades, mas Bruxelas acabou por ficar de fora, na sequência dos atrasos na construção do novo estádio da cidade, o Eurostadium. Em contrapartida, Londres ganhou quatro jogos adicionais, um da fase de grupos e um dos oitavos.

Cada cidade recebe pelo menos três jogos da fase de grupos. Baku, Munique, Roma e São Petersburgo terão ainda mais um dos quartos de final, enquanto Amesterdão, Bilbao, Bucareste, Budapeste, Copenhaga, Dublin e Glasgow, além de Londres, recebem outro dos oitavos.

Anfitriões com lugar definido nos grupos

Os países anfitriões têm garantido que jogarão dois jogos da fase de grupos em casa, se se qualificarem. A UEFA já definiu como se arrumarão os anfitriões nos grupos. Sendo que, se ambas as seleções de cada grupo se apurarem, haverá um sorteio para definir quem joga em casa no duelo direto.

A distribuição dos anfitriões por grupos, caso se qualifiquem:

Grupo A: Itália (Olímpico de Roma), Azerbaijão (Estádio Olímpico, Baku)

Grupo B: Rússia (Estádio São Petersburgo), Dinamarca (Estádio Parken, Copenhaga)

Grupo C: Holanda (Arena Amesterdão), Roménia (Arena Nacional, Bucareste)

Grupo D: Inglaterra (Wembley, Londres), Escócia (Hampden Park, Glasgow)

Grupo E: Espanha (San Mamés, Bilbau), Irlanda (Dublin Arena, Dublin)

Grupo F: Alemanha (Arena Munique), Hungria (Estádio Ferenc Puskás, Budapeste)

Isto quer dizer que quem calhar, por exemplo, no Grupo A, jogará em Roma e em Baku na primeira fase. Se passar terá os oitavos de final em Amesterdão ou Londres e os quartos de novo em Baku ou Munique, acabando depois em Londres.

São várias as combinações possíveis para a fase final, sendo garantido que implicará sempre a passagem por mais do que um país. A corrida começa agora e ainda está tudo por decidir, mas o esqueleto do calendário da fase final já dá para ter uma ideia.

O calendário da fase final

[artigo publicado originalmente às 23h52 do dia 21 de março]

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