Portugal-Noruega, 3-0 (crónica)

29 mai 2016, 22:43
Portugal-Noruega (Lusa)

Magia de Quaresma na noite em que Éder encontrou a paz

A versão resumida do primeiro dos três amigáveis de Portugal pré-Euro2016 é rica e colorida: vitória justíssima, golos fantásticos de Ricardo Quaresma e Raphael Guerreiro, pazes feitas do capitão Éder com as balizas e com a vida de ponta de lança.

3-0, aplausos, vamos em frente, senhores.

Os dados supracitados, relevantes e objetivos, não impedem, porém, o sublinhar de outras evidências. Quiçá menos agradáveis.

A posição-seis, tomada por William Carvalho, implica mais agressividade e qualidade na distribuição; José Fonte – ou outro dos centrais – não pode hesitar e errar como fez perante Joshua King, ainda no primeiro tempo; num sistema onde a segurança da posse de bola é privilegiada, a aproximação dos médios aos dois avançados tem de ser mais constante e inteligente.

E, para algo completamente diferente, Ricardo Quaresma. Em 60 minutos diabólicos, o Mustang foi a paleta de cores de uma seleção séria, sim, mas também cinzenta quanto baste; acelerações, toques de calcanhar, dribles, faltas conquistadas, um conjunto interessantíssimo de ações, a levantar uma séria questão: para Fernando Santos este Quaresma é só arma secreta ou um candidato forte a emparelhar com Cristiano Ronaldo na dupla de ataque?

FICHA DE JOGO E A PARTIDA VISTA AO MINUTO

Vale a pena recordar o primeiro golo do jogo, obra e arte do jogador do Besiktas. Na mesma baliza onde há uns anos fez um extraordinário golo a Quim – num FC Porto-Benfica -, Quaresma voltou a ser feliz e a disparar em arco, com a bola a entrar sobre o lado esquerdo de Rune Jarstein.

Tréguas interrompidas, magia sobre o jogo, bancadas rendidas ao talento raro de um jogador especial.

Portugal teve bola, teve segurança, arriscou quando teve de arriscar, mas também exagerou nos passes lateralizados e cometeu lapsos defensivos que, diante de oponentes mais hábeis, podem ser castigados com severidade.

Destacamos a tal abordagem ingénua de José Fonte (32 minutos), salva pelo excelente Anthony Lopes na cara de King, e a antecipação de Veton Berisha a Ricardo Carvalho, com a bola cabeceada a bater na barra da baliza portuguesa.

Éder portador da braçadeira de capitão (e a marcar!)

O plano de jogo idealizado por Fernando Santos é claro, de leitura fácil e exige muito da equipa. Trabalho, naturalmente, mas acima de tudo uma lucidez tática muito grande.

O acompanhamento aos laterais adversários, a cobertura ao segundo avançado, a definição da primeira fase de construção. Três exemplos identificados pelo Maisfutebol, a merecerem trabalho e aperfeiçoamento nas próximas semanas e nos dois testes que se seguem: primeiro a Inglaterra, em Wembley, e depois a Estónia, na Luz.

Fechamos com Éder. O «patinho feio» do público português, expressão utilizada por Fernando Santos, teve uma noite de redenção. Pelo golo marcado e por ter recebido o privilégio de envergar a braçadeira de capitão. Quando Ricardo Carvalho saiu, o ponta de lança era o jogador em campo com mais internacionalizações. Terá sido só por isso ou o selecionador quis premiar o comportamento de um atleta massacrado pelas críticas?

Objetivamente, Éder mostrou as limitações do costume – mais expostas neste esquema de dois avançados – e as competências que lhe são reconhecidas: capacidade de choque, entusiasmo, níveis de trabalho comoventes. Que o golo e a braçadeira lhe tenham feito bem.     

   

 

Seleção

Mais Seleção

Patrocinados