Mudança habitacional que permitiu realojar pessoas e famílias que viviam em barracas ou em habitações muito precárias "foi fundamental para a segurança da cidade”
A “grande maioria” dos bairros municipais de Lisboa “melhorou francamente a perceção de segurança” nos últimos 30 anos, afirmou esta quinta-feira comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, apontando para “algumas bolsas de insegurança” ligadas ao tráfico de droga.
“Os bairros hoje não têm o estigma que já tiveram no passado, não só pela melhoria das infraestruturas como pelo cuidado na manutenção e também na segurança”, afirmou Luís Elias, numa conferência para assinalar os 30 anos da empresa municipal Gebalis, responsável pela gestão dos bairros camarários.
O comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, que acompanhou as últimas três décadas de transformação da cidade enquanto polícia, considerou que “houve uma mudança radical” com a construção de habitação municipal, assim como a aposta em equipamentos para servir as comunidades.
“A mudança habitacional que foi feita no sentido de realojar pessoas e famílias que no passado viviam em barracas ou em habitações muito precárias, com toda a marginalidade que estava associada em algumas destas zonas, foi fundamental para a segurança da cidade”, indicou Luís Elias, referindo que hoje há “um contínuo” quanto à habitação em Lisboa e “não se consegue identificar o que é que são, efetivamente, os bairros municipais”.
Segundo o responsável da PSP, “a grande maioria dos bairros” municipais de Lisboa, “com exceção de um ou dois”, “melhorou francamente a perceção a segurança”.
“Por exemplo, o Bairro da Quinta do Condado, que já se designou de Zona J de Chelas, hoje em dia não tem nada a ver com o que foi há 20 ou 30 anos, em termos até de perceção de insegurança”, expôs.
Apesar dessa evolução positiva, “nem tudo está bem, porque, infelizmente, se mantêm algumas bolsas [de insegurança] em algumas zonas que são conhecidas, nomeadamente ligadas ao tráfico de estupefacientes”, adiantou o comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, referindo que está a trabalhar para resolver o problema.
“Sendo que o problema não pode ser só resolvido pelas forças de segurança, porque há aqui uma dimensão social e de saúde também que tem de estar a montante, porque, como é sabido, a legislação nacional trata, por exemplo, a toxicodependência como um problema de saúde pública e é importantíssimo que os poderes públicos continuem a apoiar esses programas de apoio à toxicodependência ou reintegração dos toxicodependentes”, ressalvou Luís Elias, reforçando que é muito importante que esses programas se mantenham e que não haja um desinvestimento nos mesmos.
O responsável da PSP destacou ainda “a teoria das janelas quebradas”, com a questão do vandalismo do património, considerando que tem existido uma preocupação para que haja constante reparação e melhoria dos imóveis, “o que contribui também para a perceção pública da segurança”, assim como a iluminação pública e a limpeza, como fatores que também contribuem para esta perceção, além do trabalho da polícia.
O comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP enalteceu também o policiamento de proximidade, com muitos projetos desenvolvidos em parceria com associações de moradores e associações culturais, destacando o projeto RADAR com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para acompanhar idosos isolados, assim como o encaminhamento dos casos de delinquência juvenil.
Como desafio da gestão da habitação municipal, Luís Elias apontou a integração das pessoas, em particular das que vivem em condição socioeconómica desfavorecida, proporcionando-lhes “mais oportunidades”, defendendo que “não é só a aposta na habitação que é importante, é tudo o resto”.
O administrador da Gebalis Miguel Silva Pereira destacou o desenvolvimento de projetos sociais nos bairros municipais, tais como o Talentos do Bairro e o Bora Mexer, referindo que essa dinamização permite o “empoderamento” dos moradores e mostrar que “os bairros produzem, só precisam da oportunidade, porque a qualidade está lá, igual ao resto da cidade e do país”.
Atualmente, a Gebalis gere 66 bairros municipais de Lisboa, num total de cerca de 22 mil casas.