China instala nova barreira flutuante em recife disputado com as Filipinas

Agência Lusa , AM
23 out, 06:17
Scarborough

Pequim e Manila mantêm disputas territoriais no mar do Sul da China, uma via por onde circula cerca de 30% do comércio marítimo global

A China instalou uma nova barreira flutuante no recife de Scarborough, disputado com as Filipinas, segundo imagens de satélite hoje divulgadas, agravando as tensões no mar do Sul da China.

A estrutura bloqueia a entrada na lagoa do recife - conhecido como Huangyan na China e Bajo de Masinloc ou Panatag Shoal nas Filipinas - de acordo com uma imagem captada pela empresa geoespacial Satellogic e distribuída pela firma norte-americana SkyFi.

Nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês nem a Guarda Costeira filipina responderam até ao momento aos pedidos de comentário, segundo noticiou o jornal de Hong Kong South China Morning Post.

"O novo material recolhido por satélite mostra uma barreira flutuante ilegal instalada pela República Popular da China na entrada do recife de Scarborough", escreveu na rede social X (antigo Twitter) o diretor executivo da SkyFi, Luke Fischer.

Ray Powell, especialista em segurança marítima e diretor do projeto SeaLight, que analisou as imagens de alta resolução, confirmou que a fotografia foi tirada a 08 de outubro.

“Não é a primeira vez que a China instala uma barreira no recife; a intenção parece ser restringir o acesso à lagoa”, afirmou.

Localizado a cerca de 220 quilómetros a oeste da ilha filipina de Luzon, o recife está sob controlo de Pequim desde um confronto naval com Manila em 2012 e tem sido palco frequente de incidentes entre os dois países.

Na semana passada, a China afirmou ter “expulsado” dois aviões de reconhecimento filipinos da área, um dia depois de Manila ter denunciado “interferências agressivas” por parte de um helicóptero e de um caça chineses durante um voo de rotina.

Em setembro, Pequim anunciou ainda a intenção de declarar o recife de Scarborough como reserva natural, medida rejeitada pelas Filipinas por considerar que o enclave se encontra na sua zona económica exclusiva.

O ‘think tank’ chinês South China Sea Strategic Situation Probing Initiative defendeu nas redes sociais que a nova instalação seria “uma resposta ao comportamento provocador das Filipinas” e que “a China tem o direito de agir dentro da sua soberania”.

Pequim e Manila mantêm disputas territoriais no mar do Sul da China, uma via por onde circula cerca de 30% do comércio marítimo global.

Apesar de uma sentença do Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia, em 2016, ter dado razão às Filipinas em várias das suas reivindicações, a China continua a reclamar quase a totalidade do mar.

Desde que Ferdinand Marcos Jr. assumiu a presidência, em 2022, as Filipinas têm adotado uma postura mais firme na defesa da sua soberania, denunciando com maior frequência os confrontos entre embarcações dos dois países.

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