Mulher teve o filho na receção do Hospital de Gaia. Pai diz que a criança caiu de cabeça no chão depois do parto: "Estou indignado"
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, espera uma averiguação ao caso mas diz também que “é óbvio que nós não podemos passar o nosso tempo, naturalmente, em inquéritos e processos”. “O que nós queremos é que o Serviço Nacional de Saúde funcione e funcione bem e que situações como esta não se repitam.”
Apesar de dizer que “não podemos passar o tempo em inquéritos”, a ministra refere também que “essa situação tem de ser averiguada, como já foram outras, com um relatório que mostre evidentemente o que se passou porque nós não conhecemos a realidade toda: em que situação é que a senhora chega à urgência, como foi feita a triagem”. “A verdade é que não sabemos e temos de conhecer, porque cada caso é muito importante. É uma mãe, um bebé, uma família, mas também porque temos de evitar que estas situações voltem a acontecer.”
A governante admite que episódios deste género “têm sempre um impacto na confiança que os portugueses têm na área da obstetrícia”. “Senti essa notícia com uma grande consternação porque, naturalmente, haver dentro de um hospital uma situação como aquela que foi descrita não nos pode deixar descansados. Agora, há aqui uma matéria que também é importante. Como sempre, o hospital tem os mecanismos que já foram acionados para fazer o reporte daquilo que aconteceu objetivamente com aquela senhora e o próprio inspetor-geral fez imediatamente, ele próprio, a abertura de um processo.”
"Estou indignado"
O pai do bebé que nasceu na sala de espera do Hospital de Gaia e caiu ao chão durante o parto não tem dúvida de que se tratou de "completa negligência" por parte daquela unidade. Frederico Fernandes, que afirma que já apresentou queixa em diferentes entidades, disse à CNN Portugal que foi o próprio quem pegou no filho caído, depois de, sem sucesso, ter implorado por uma maca porque a mulher não se conseguia sentar e dizia que o bebé estava prestes a nascer.
"A não ser que o Levi tenha levitado, ele infelizmente caiu e fui eu que peguei ele do chão", garantiu, lamentando que ninguém no hospital tenha ouvido as queixas do casal, que já tinha estado naquela urgência duas horas antes mas fora mandado para casa. "Se a grávida está a dizer que a criança vai nascer é porque vai nascer", sublinhou, descrevendo a situação vivida na entrada do hospital.
"Duas horas depois voltámos e tivemos de passar por todo o protocolo. Quando fui pedir pela trigésima vez uma maca, ouvi os utentes a gritar e quando olhei ele já estava no chão. Nasceu no chão da urgência, estamos indignados", assumiu o progenitor, indignado também com o protocolo que obriga a grávida a sentar-se numa maca para ser transportada ao bloco de partos quando fisicamente era impossível para a sua mulher fazê-lo.
"O enfermeiro que chegou com a cadeira de rodas pediu-me depois desculpa", contou ainda, lamentando que depois de o filho nascer tenha aparecido uma maca.