Putin anuncia reforço da "tríade nuclear" com um novo míssil intercontinental conhecido como "Satanás II"

Beatriz Céu , BCE
23 fev 2023, 16:37
Vladimir Putin na cerimónia que celebra o Dia Nacional do Defensar da Pátria (Pavel Bednyakov/AP Photo)

O anúncio surge um dia depois da suspensão unilateral do tratado New START, um acordo que Moscovo assinou com Washington e que prevê a redução das armas nucleares dos dois países

Na véspera da data em que se assinala um ano da resistência ucraniana contra a invasão russa, Vladimir Putin anunciou o reforço da "tríade nuclear" com a utilização do novo míssil balístico intercontinental russo Sarmat.

"Como sempre, estamos a prestar particular atenção ao reforço da tríade nuclear. Os primeiros lançadores do sistema de mísseis Sarmat serão postos em serviço ainda este ano", adiantou Putin, num discurso à nação, transmitido no dia em que a Rússia celebra o Dia do Defensor da Pátria.

Conhecidos no Ocidente por Satan II [Satánas II, em português], os mísseis Sarmat são capazes de transportar várias ogivas nucleares, adequando-se assim ao objetivo de Putin de reforçar a "tríade nuclear", isto é, reforçar a estrutura militar da Rússia com mísseis nucleares lançados em terra, submarinos armados com mísseis nucleares e aeronaves estratégicas com bombas e mísseis nucleares.

Este anúncio surge um dia depois de o parlamento russo ter aprovado a proposta de Putin para a suspensão unilateral do tratado New START, um acordo que Moscovo assinou em 2010 com Washington e que prevê a redução das armas nucleares dos dois países. O acordo tinha sido renovado em janeiro de 2021, mas fica agora sem efeito, pelo menos enquanto esta lei se mantiver em vigor.

"Tudo depende do Ocidente", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela Reuters, quando questionado sobre se há alguma hipótese de Moscovo voltar atrás nesta decisão.

Na segunda-feira, a CNN noticiou que a Rússia realizou um teste com um míssil balístico intercontinental durante a visita do presidente dos Estados Unidos. Na altura, alguns militares apontaram que este teste - que acabou por falhar - foi feito precisamente com um míssil Sarmat.

Vladimir Putin já anunciou testes bem-sucedidos a mísseis deste género anteriormente, incluindo em abril, poucas semanas depois do início da guerra. Também na altura foi utilizado um míssil Sarmat, o qual foi apresentado ao mundo em 2016, com a imprensa russa a falar num projétil com capacidade para se deslocar por mais de 11 mil quilómetros.

Em abril do ano passado, Putin descreveu o Sarmat como um míssil capaz de "causar o fracasso de todos os sistemas antiaéreos" e que "fará refletir duas vezes aqueles que tentam ameaçar" a Rússia.

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