O dispositivo foi projetado para proporcionar “um espaço seguro para morrer pacificamente”, mas tem gerado polémica na Suíça
A cápsula de suicídio já é uma realidade na Suíça, com uma mulher americana de 64 anos a ter estreado o polémico dispositivo na segunda-feira. Quatro pessoas acabaram detidas, avançaram as autoridades suíças na terça-feira.
Tudo aconteceu no cantão suíço de Schaffhausen, no norte do país e próximo da fronteira com a Alemanha. A cápsula denominada de “Sarco”, que significa sarcófago, foi colocada numa cabana no meio de uma floresta na aldeia de Merishausen.
Mas o cenário foi além do esperado. A polícia de Schaffhausen revelou, em comunicado, ter detido "várias pessoas", ao que se seguiu a abertura de uma investigação contra os detidos por “indução e cumplicidade de suicídio” pelo Ministério Público de Schaffhausen.
Foram também apreendidas a cápsula e o corpo da vítima no local. As autoridades terão sido informadas por um escritório de advogados que estava a par do que ia acontecer.
Os pormenores são avançados não pela polícia, que não confirma que o número de detidos é de quatro, mas pelo porta-voz do grupo pró-morte assistida responsável pela criação da cápsula, The Last Resort, citado pela agência Reuters. Diz que o ocupante da "Sarco" era uma mulher americana de 64 anos, que sofria de um sistema imunitário gravemente debilitado e que foi submetida a várias avaliações psicológicas antes de usar a cápsula.
Entre os detidos estará o copresidente do The Last Resort, Florian Willet, acompanhado de um jornalista holandês e dois suíços. De acordo com o porta-voz, Willet era a única pessoa presente no momento em que a mulher americana pôs termo à vida.
A morte foi “pacífica, rápida e digna”, relatou o copresidente do grupo.
A "Sarco", criada pelo médico australiano Philip Nitschke - famoso pelo trabalho desenvolvido no domínio do suicídio assistido desde a década de 1990 - causa a morte do ocupante quando o mesmo pressiona um botão que liberta gás nitrogénio no interior, reduzindo a quantidade de oxigénio para níveis letais.
Foi projetada para proporcionar “um espaço seguro para morrer pacificamente”. "Não consigo imaginar uma maneira mais bonita de respirar ar sem oxigénio até cair em um sono eterno", dizia o co-diretor Florian Willet, à data do anúncio do dispositivo.
Mas, apesar de a lei suíça permitir o suicídio assistido, o dispositivo está a causar polémica. Na segunda-feira, a ministra da Saúde suíça considerou que a cápsula não cumpre os requisitos da legislação em matéria de segurança dos produtos e que a utilização de nitrogénio não está em conformidade com a lei.