Acidente Sara Carreira. Paulo Neves, Cristina Branco e Ivo Lucas vão a julgamento por homicídio negligente

27 mar 2023, 15:25

Tiago Pacheco vai ser julgado por condução perigosa. Os arguidos continuam sujeitos a Termo de Identidade e Residência

Paulo Neves, a fadista Cristina Branco e Ivo Lucas vão a julgamento no caso do acidente que vitimou Sara Carreira, em dezembro de 2020, por homicídio negligente. Já Tiago Pacheco vai ser julgado por condução perigosa. Os arguidos continuam sujeitos a Termo de Identidade e Residência. O tribunal de Santarém procedeu esta segunda-feira à leitura da decisão instrutória do processo do acidente. 

À saída do tribunal de Santarém, esta segunda-feira, Tony Carreira afirmou que não pediu a abertura do processo "para vingar ninguém" e que lamenta "que nenhum dos arguidos" lhe tenha "enviado uma mensagem ou uma carta" a dizer que lamenta o que aconteceu.

"Sei perfeitamente como é que isto vai terminar e vai terminar simplesmente a dizer-se que eu perdi a minha filha. Nada vai acontecer a ninguém. Só lamento que nenhum dos arguidos me tenha mandado uma mensagem ou escrito uma carta a dizer simplesmente «lamento aquilo que aconteceu»", afirmou à saída do Tribunal de Santarém.

primeira acusação foi conhecida no final de 2021. Insatisfeito com o que leu no documento, Tony Carreira pediu abertura de instrução em janeiro de 2022. Mas, entretanto, a juíza de instrução responsável pelo processo anulou a acusação.

A magistrada mandou o Ministério Público refazer a mesma por considerar que havia uma "nulidade a abranger a acusação", em relação aos crimes de que estavam acusados dois condutores envolvidos no acidente que tirou a vida à filha de Tony Carreira em dezembro de 2020: Ivo Lucas e Cristina Branco.

Ministério Público recorreu mas o Tribunal da Relação de Évora deu razão à juíza, que alegava que os procuradores não tinham deixado explícito se os dois arguidos estavam indiciados pelo crime de homicídio por negligência simples ou por negligência grosseira, um dado que podia alterar substancialmente a aplicação de pena.

Em novembro de 2022, o Ministério Público deduziu nova acusação. Ivo Lucas e a fadista Cristina Branco foram novamente acusados de homicídio negligente. Os pais de Sara Carreira voltaram a pedir abertura de instrução.

A descrição do acidente na A1

Eram cerca das 18:30 do dia 5 de dezembro de 2020, já de noite e com alguma chuva fraca: a viatura da fadista Cristina Branco embate no veículo conduzido por Paulo Neves, que circulava na faixa da direita entre os 28 e os 32 km/h - uma velocidade inferior à mínima permitida nas autoestradas (50 km/h). Conduzia ainda sob o efeito de álcool e tinha pelo menos 1,18 g/l (deduzida a margem de erro admissível), o dobro do permitido por lei.

A viatura de Cristina Branco embate depois na guarda lateral direita, rodando e imobilizando-se em sentido contrário na faixa central da A1. Apesar de ter ligado as luzes indicadoras de perigo, a fadista, que abandonou a viatura, é acusada de não ter feito a pré-sinalização de perigo.

Ainda segundo a descrição do acidente que consta da acusação, às 18:49 Ivo Lucas circulava pela faixa central entre 131,18 e 139,01 quilómetros/hora, não tendo conseguido desviar-se do carro da fadista, no qual embateu com o lado esquerdo, seguindo desgovernado para o separador central e capotando por várias vezes até se imobilizar na faixa da esquerda, quase na perpendicular, com parte a ocupar a faixa central.

Pelas 18:51, Tiago Pacheco seguia pela via central entre 146,35 e 155,08 quilómetros/hora, afirmando a acusação que não reduziu a velocidade, mesmo apercebendo-se de que passava pelo local do acidente, não conseguindo desviar-se da viatura de Ivo Lucas, onde este ainda se encontrava - bem como Sara Carreira.

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