Por decisão da UE e do Reino Unido, Moscovo perde acesso ao principal mercado de seguros marítimos do mundo , o que deverá "restringir drasticamente a sua capacidade de exportar crude"
O Reino Unido e a UE coordenaram uma nova sanção contra a Rússia que irá atingir as exportações de petróleo por via marítima. Londres e Bruxelas concordaram em proibir os seguros a navios transportando petróleo russo, segundo uma notícia do diário britânico de economia Financial Times.
Com esta decisão, explica o FT, Moscovo perde acesso ao principal mercado de seguros marítimos do mundo - o Lloyd's de Londres -, o que deverá "restringir drasticamente a sua capacidade de exportar crude", de acordo com responsáveis britânicos e europeus ouvidos pelo jornal.
O Lloyd's, explica ainda o FT, "tem sido o coração da indústria de seguros marítimos durante séculos e bloquear os seus membros de segurar as cargas petrolíferas russas irá acumular mais pressão nos mercados globais de mercadorias", que têm estado sob grande pressão desde a invasão russa à Ucrânia.
A União Europeia acordou um embargo à maioria dos carregamentos de petróleo russos na segunda-feira (excecionando apenas os fornecimentos por oleoduto para o Leste da Europa), mas só o envolvimento do Reino Unido permitirá avançar com a proibição dos seguros. Bruxelas temia que, agindo sozinha em matéria de sanções de seguros, esse negócio se canalizasse para o mercado internacional de Londres - não teria efeitos práticos sobre a Rússia, prejudicaria a UE e beneficiaria o Reino Unido.
A Grécia e Chipre, que têm sectores de navegação - e respetivos seguros - com bastante peso, só concordaram após o compromisso do Reino Unido de fazer o mesmo. "Há uma questão de igualdade de condições se Londres continuar a fornecer seguros e depois muitos deles passam pelo Lloyd's de Londres", disse um alto funcionário da Comissão Europeia citado pelo FT.
Com esta decisão, Moscovo terá de procurar seguros para as suas exportações marítimas de petróleo em mercados mais pequenos e menos desenvolvidos. "A subscrição de seguros terá um enorme impacto na capacidade da Rússia de exportar o seu petróleo. É uma das sanções mais duras que a Europa tem no seu arsenal", disse ao FT Helima Croft, chefe da estratégia de mercadorias da RBC Capital Markets.