Sanae Takaichi, no cargo de primeira-ministra há uma semana, indicou que quer inaugurar uma "nova era de ouro" nas relações Japão-EUA
O Presidente norte-americano garantiu à primeira-ministra japonesa que Washington é um aliado de Tóquio "ao mais alto nível", num momento em que os Estados Unidos exigem que o arquipélago aumente gastos com defesa.
"Sempre tive grande amor e respeito pelo Japão. Quero garantir que esta será uma relação especial (...) Somos um aliado ao mais alto nível", disse Trump.
Sanae Takaichi, no cargo de primeira-ministra há uma semana, indicou que quer inaugurar uma "nova era de ouro" nas relações Japão-EUA, numa altura em que Tóquio enfrenta o crescente poder militar do vizinho chinês.
Tóquio é a segunda etapa da viagem do Presidente norte-americano pela Ásia, depois da Malásia e antes da Coreia do Sul, onde terá lugar, na quinta-feira, o encontro com o homólogo chinês, Xi Jinping, que deverá selar um compromisso comercial entre as duas potências.
Donald Trump observou na segunda-feira que Takaichi era "uma grande aliada e amiga" do antigo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, assassinado em 2022, de quem ele próprio se tornou particularmente próximo durante o primeiro mandato na Casa Branca.
A líder japonesa agradeceu a Donald Trump a "amizade duradoura" com Shinzo Abe, notando estar impressionada e sentir-se inspirada pelo dirigente norte-americano.
A defesa será um ponto central deste encontro. Trump exige que os aliados dos Estados Unidos aumentem as despesas militares para continuarem a beneficiar da proteção norte-americana.
Sanae Takaichi anunciou que o Japão vai aumentar o orçamento de defesa para 2% do produto interno bruto (PIB) a partir do atual ano fiscal, que termina a 31 de março, dois anos antes do calendário previamente estabelecido.
Cerca de 60 mil militares norte-americanos estão estacionados no Japão, e Donald Trump vai visitar hoje alguns deles a bordo do porta-aviões USS George Washington, ao largo de Yokosuka, sul de Tóquio.
Para colocar o bilionário de 79 anos na melhor disposição, o Governo japonês planeia, de acordo com a imprensa local, oferecer-lhe tacos de golfe que pertenceram a Shinzo Abe e bolas de golfe banhadas a ouro.
Tóquio também poderá revelar a compra de uma centena de carrinhas de caixa aberta Ford F-150, num gesto de boa vontade comercial.
O comércio também deverá dominar a conversa entre Sanae Takaichi e Donald Trump, que lançou uma ofensiva protecionista generalizada desde o regresso ao poder em janeiro.
O Japão e os Estados Unidos já chegaram a um acordo comercial neste verão, mas alguns pontos permanecem em aberto.
Em meados de setembro, Washington reduziu para 15% os direitos aduaneiros totais sobre automóveis japoneses, um setor crucial para as exportações e o emprego do país asiático. Os fabricantes japoneses gostariam de ver essa taxa reduzida ainda mais.
Outro tema de discussão é a forma que assumirão os 550 mil milhões de dólares (471 mil milhões de dólares) de investimentos japoneses em solo norte-americano, previstos no acordo concluído em julho.
Donald Trump semeou a confusão ao apresentar esse montante como uma espécie de transferência colossal que o Japão faria para os Estados Unidos. O negociador japonês Ryosei Akazawa precisou que apenas 1% a 2% do montante seriam investimentos diretos reais, sendo o restante composto por empréstimos e garantias de empréstimos.
Japão e EUA assinam acordo sobre minerais críticos e terras raras
Tóquio e Washington assinaram um acordo de cooperação no setor dos minerais críticos e terras raras, com foco em investimentos coordenados para garantir um fornecimento estável, num contexto de restrições às exportações impostas pela China.
Nos termos do acordo, assinado na capital do Japão pela primeira-ministra do país, Sanae Takaichi, e pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, Tóquio e Washington vão colaborar na identificação de projetos de interesse comum para colmatar as lacunas nas cadeias de abastecimento destes materiais, essenciais para o desenvolvimento da tecnologia moderna.
As duas potências estabeleceram um prazo de seis meses para "tomar medidas para fornecer apoio financeiro a projetos selecionados com o objetivo de gerar um produto final para entrega a compradores nos Estados Unidos e no Japão e, se for caso disso, em países com interesses semelhantes", segundo a Casa Branca.
As administrações japonesa e norte-americana comprometeram-se a servir de ponte na promoção do diálogo a nível empresarial para fazer avançar projetos que estabeleçam cadeias de abastecimento "novas e seguras" e concordaram em mobilizar recursos público-privados para as iniciativas.
Estes recursos incluem "subvenções, garantias, empréstimos ou capital, acordos de compra e venda, seguros ou facilitação regulatória", e os projetos não se limitam ao processamento de matérias-primas, mas incluem produtos derivados, como ímanes permanentes, baterias, catalisadores e materiais óticos.
Trump e Takaichi assinaram o acordo após uma cimeira no Palácio Akasaka de Tóquio, a segunda paragem da digressão asiática do Presidente norte-americano, que também assinou um pacto no setor de terras com a Malásia, país onde esteve anteriormente.
Os acordos têm como pano de fundo as restrições impostas pela China às exportações de terras raras - mineral chave para a tecnologia, cujo processamento e venda Pequim praticamente monopoliza - no âmbito do diferendo comercial com os Estados Unidos.
Além deste acordo, os chefes de Governo do Japão e dos EUA assinaram outro documento em que se comprometem a aplicar o acordo comercial alcançado em julho, que fixou em 15% as tarifas recíprocas de Washington e no âmbito do qual ainda não se conhece o destino dos 550 mil milhões de dólares (471 mil milhões de dólares) que Tóquio se comprometeu a investir nos EUA.