Salário mínimo está no 820€, acordo com António Costa previa 855€ para 2025, atual Governo sobe a parada. CGTP sublinha que parece que Montenegro está a dar mais mas na verdade está a dar menos. Os demais parceiros sociais preferem manter o silêncio - por agora
A CGTP considera que a proposta do Governo sobre um aumento do valor do salário mínimo nacional para 870 euros "fica muito aquém" das necessidades dos trabalhadores e diz esperar que haja "espaço de manobra" para rever a proposta na reunião desta tarde de concertação social.
Apesar da proposta do Governo ir além da apresentada pelo Executivo de António Costa, prevendo um aumento de 15 euros sobre o que havia sido acordado com os parceiros sociais, a CGTP entende que o aumento pode ser ainda maior, apontando que esta subida de 50 euros do salário mínimo representa "um recuo face aos aumentos anteriores", lembrando que o último, aprovado em novembro do ano passado, foi de 60 euros.
"Não podemos estar de acordo. Se não houver abertura para discutir, a CGTP não poderá concordar com a política de continuação de baixos salários", afirma Tiago Oliveira, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), que diz ter recebido esta proposta do Governo esta terça-feira à noite.
O dirigente sindical diz não concordar também com uma segunda proposta do Governo quanto ao aumento do salário médio, que consiste em "compensar as empresas que atribuíram aumentos salariais até meio da tabela salarial da empresa". No entender da CGTP, esta proposta "parte logo de um pressuposto errado", uma vez que "a sua aplicação é aleatória", ou seja, cabe às empresas decidirem se querem avançar ou não com esses aumentos.
Isto vai resultar numa "discriminação enorme entre trabalhadores", antecipa Tiago Oliveira, que acredita que esta proposta vai beneficiar "mais uma vez as grandes empresas" em detrimento das pequenas e médias empresas.
Contactadas pela CNN Portugal, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) remetem comentários sobre esta proposta para depois da reunião desta tarde com o Governo, prevista para as 15:00. Já a União Geral de Trabalhadores (UGT) não quis prestar declarações até analisar a proposta em concreto.
A ministra do Trabalho já veio transmitir que gostava que as negociações ficassem concluídas antes do prazo limite de entrega do Orçamento do Estado para 2025, ou seja, 10 de outubro. Mas os parceiros sociais demonstram-se divididos quanto à possibilidade de um acordo.