Ex-secretário do Interior de Trump acusado de abuso de poder

Agência Lusa , BCE
16 fev 2022, 20:38
Ryan Zinke (AP/Cliff Owen)

Zinke é candidato nas primárias republicanas de junho a uma vaga no Congresso pelo Montana, cargo que ocupou antes de ingressar no governo de Trump (2017-2021)

Ryan Zinke, secretário do Interior durante a administração de Donald Trump, usou a sua influência para promover um projeto na sua cidade natal e mentiu a um funcionário de ética sobre o seu envolvimento, revela uma investigação divulgada esta quarta-feira.

A investigação do Departamento do Interior apurou que Zinke continuou a trabalhar com uma fundação no projeto comercial na comunidade de Whitefish, no Estado do Montana, depois de ter assumido o compromisso de romper a ligação a esta entidade.

Ryan Zinke também deu informações incorretas e incompletas a um funcionário de ética do Departamento do Interior, que o tinha confrontado com o seu envolvimento e orientação para ajudar a fundação num projeto, através do uso indevido da sua posição, acrescenta o relatório.

A Great Northern Veterans Peace Park Foundation foi estabelecida por Zinke e outros em 2007. Zinke e a sua mulher estavam em negociações com investidores privados para o uso de terras da fundação num projeto de desenvolvimento comercial.

Zinke é candidato nas primárias republicanas de junho a uma vaga no Congresso pelo Montana, cargo que ocupou antes de ingressar no governo de Trump (2017-2021).

A campanha do republicano referiu que a investigação divulgada hoje é “um trabalho político de sucesso” e apontou que o envolvimento de Zinke e da sua família na fundação resultou na restauração de uma terra, que foi transformada num parque.

A investigação encaminhou os dados obtidos para o Departamento de Justiça, tendo em vista uma possível acusação, embora este se tenha recusado a abrir um processo criminal, pode ler-se no relatório.

Este não foi o único caso que envolveu Zinke durante a administração de Trump.

Os investigadores descobriram ainda que este violou uma política que proíbe funcionários não governamentais de andarem em viaturas do governo, quando a sua mulher viajou com ele, embora o republicano tenha explicado que as autoridades de ética aprovaram.

Zinke foi também absolvido após uma queixa de que tinha redesenhado os limites de um monumento nacional no Utah, para beneficiar um aliado político.

Responsável durante quase dois anos pela supervisão da agência que gere dois milhões de quilómetros quadrados de propriedades públicas, Zinke foi responsável por reverter restrições para perfuração de petróleo e gás, medida elogiada pelas empresas do setor.

Grupos ambientalistas e democratas acusaram-no de colocar lucros empresariais à frente da preservação da natureza.

Zinke diz ter sido vítima de "ataques cruéis"

Na altura da sua renúncia, em dezembro de 2018, Ryan Zinke apontou que esta foi motivada por “ataques cruéis e politicamente motivados” contra a sua pessoa e a sua família.

Quer Zinke quer a sua mulher, Lola, recusaram prestar declarações aos investigadores federais sobre os negócios da fundação.

Mas ‘emails’ e mensagens de texto de outros envolvidos mostram que Zinke continuou a comunicar com os investidores após a sua saída da fundação em março de 2017, quando foi nomeado secretário do Interior, alega a investigação.

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