A questão NATO tranquilizou Putin. Mas não muito

15 fev 2022, 15:28
Vladimir Putin. Mikhail Klimentyev, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP

Presidente russo revelou ter recebido garantias de que a Ucrânia não vai aderir à NATO num futuro próximo. Ainda assim, disse também que não houve "nenhuma resposta construtiva" às propostas russas

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou esta terça-feira que a Rússia não quer guerra mas que não houve "nenhuma resposta construtiva às nossas propostas" após a reunião com o chanceler alemão, Olaf Scholz. Depois de uma muito antecipada reunião com o líder de um dos seus principais parceiros económicos, Putin diz que uma solução pacífica deve ter como base os protocolos de Minsk, assinados em 2014, para travar o conflito na região do Donbass, na Ucrânia.

"Está a acontecer um genocídio na região do Donbass", afirmou Putin, que insistiu que para existir paz entre a Ucrânia e a Rússia é necessária uma solução para o conflito naquela região. O presidente russo revelou também que a Ucrânia não vai aderir à NATO num futuro próximo. No entanto, sublinha que, para Moscovo, esta garantia é suficiente para tranquilizar as preocupações russas.

Após o encontro com o chanceler Scholz, que sublinhou que a integridade territorial da Ucrânia “é inegociável”, o presidente russo destacou a importância da Alemanha enquanto parceiro comercial chave e que existe vontade de aprofundar os laços entre os dois países.

No que toca às relações entre Moscovo e Berlim, um tema é incontornável: o gasoduto Nord Stream 2, cuja construção está concluída mas que ainda se encontra inoperacional. Para Vladimir Putin, este é um projeto que destaca a importância da cooperação entre os dois países e que é “um projeto puramente comercial” sem qualquer envolvimento político.

A Ucrânia alega que o objetivo de Moscovo é desviar o envio de gás para a Europa, que atualmente tem de passar pelo território ucraniano, privando o governo ucraniano de uma importante fonte de rendimento e de energia. Na conferência de imprensa, Putin diz que a Rússia ficará "feliz" a continuar a distribuir gás através da Ucrânia, caso exista procura e justificação para o fazer do ponto de vista económico. 

Recorde-se ainda que, esta terça-feira o Kremlin confirmou o início da retirada de algumas das suas tropas de perto das fronteiras da Ucrânia, denunciando a “histeria ocidental” sobre uma suposta invasão iminente do país pela Rússia.

“Sempre dissemos que após a conclusão dos exercícios, (...) as tropas regressariam às suas guarnições originais. Isto é o que está a acontecer, este é o processo habitual”, disse o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov.

Por sua vez, o secretário-geral da NATO comentou que a abertura manifestada pela Rússia para resolver o conflito com a Ucrânia pela via diplomática permite um “otimismo cauteloso”, mas sublinhou que não se vê ainda uma diminuição da escalada no terreno.

“Até agora, não vimos qualquer desescalada no terreno, nenhuns sinais de redução da presença militar russa nas fronteiras com a Ucrânia, mas vamos continuar a monitorizar e a seguir atentamente o que a Rússia está a fazer. Mas os sinais que chegam de Moscovo, relativamente à vontade de prosseguir os esforços diplomáticos, dão alguma razão para um otimismo cauteloso”, declarou Jens Stoltenberg.

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