Exercícios russos ocorrem pouco mais de uma semana depois de a NATO ter realizado o seu próprio exercício de dissuasão nuclear, chamado Steadfast Noon
As forças nucleares estratégicas da Rússia realizaram um teste de prontidão supervisionado pelo presidente do país, Vladimir Putin, na quarta-feira, informou o Kremlin.
“Hoje, estamos a realizar um exercício planeado — quero enfatizar, planeado — de comando e controlo das forças nucleares”, afirmou Putin numa videoconferência com os altos escalões militares.
O Ministério da Defesa da Rússia indicou que os exercícios envolveram os três componentes da tríade nuclear: terra, mar e ar.
Vídeos partilhados pelo canal de televisão militar estatal Zvezda mostraram o lançamento de um míssil balístico intercontinental Yars a partir do Cosmódromo de Plesetsk, no norte da Rússia, e um míssil balístico Sineva disparado a partir do submarino nuclear Bryansk, no Mar de Barents.
Os bombardeiros de longo alcance Tu-95MS também dispararam mísseis de cruzeiro lançados do ar, referiu o Ministério da Defesa. O Kremlin acrescentou que os exercícios testaram a prontidão dos sistemas de comando e controlo militar e as competências operacionais do pessoal, sublinhando que todos os objetivos foram alcançados.
A Rússia realiza exercícios de prontidão de rotina como parte da sua dissuasão nuclear. Durante um exercício semelhante em outubro passado, Putin assinalou que o arsenal nuclear da Rússia "nos permite alcançar objetivos estratégicos de dissuasão e manter a paridade nuclear e o equilíbrio de poder a nível global".
No mês seguinte, Putin atualizou a doutrina nuclear da Rússia, dois dias depois de o então presidente Joe Biden ter dado à Ucrânia aprovação para atacar alvos no interior da Rússia com armas fabricadas nos Estados Unidos.
Em declarações na quarta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia mencionou o novo tratado START, um acordo que entrou em vigor em 2011, no qual os EUA e a Rússia se comprometeram a limitar os seus arsenais de armas nucleares.
Nos termos do tratado, ambos os países tinham sete anos para cumprir os limites definidos para o número de armas nucleares de alcance intercontinental que podem ter. O tratado expira em fevereiro de 2026.
"Se os EUA rejeitarem a proposta do Novo START, haverá um vazio total na área das limitações de armas nucleares e uma crescente ameaça nuclear", advertiu o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, de acordo com a agência estatal RIA Novosti.
"A Rússia deve estar convencida da sustentabilidade da administração dos EUA em abandonar a sua postura hostil", sublinhou Ryabkov, segundo a agência noticiosa.
Os comentários russos sobre os EUA surgem num momento em que os planos para uma reunião entre Putin e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, estão paralisados, com vários funcionários a revelarem à CNN que o esperado encontro diplomático em Budapeste, na Hungria, já não se realizará - pelo menos por enquanto.
Trump afirmou na terça-feira que não queria que a reunião fosse "uma perda de tempo". O ex-presidente deu a entender que ainda pode encontrar-se com o líder russo, mas indicou que isso já não é uma prioridade.
Os exercícios russos também ocorrem pouco mais de uma semana depois de a NATO ter realizado o seu próprio exercício de dissuasão nuclear, chamado Steadfast Noon.
Num comunicado, a aliança esclareceu que o exercício "não estava relacionado com nenhum acontecimento mundial atual".
Cerca de 70 aeronaves de 14 nações aliadas participaram no exercício, segundo o comunicado, operando a partir de bases aéreas na Holanda, Bélgica, Reino Unido e Dinamarca.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, realçou que o exercício foi realizado "porque nos ajuda a garantir que a nossa dissuasão nuclear permanece tão credível, segura e eficaz quanto possível".
*Kristen Holmes, Jennifer Hansler e Kylie Atwood contribuíram para este artigo