Pedidos de independência e explosões na fronteira. Nem tudo é verdade na "informação" que chega da Ucrânia

21 fev 2022, 14:13

O chanceler alemão Olaf Scholz vai falar esta segunda-feira por telefone com o presidente russo, numa altura em que os "atos de sabotagem" e violações do cessar-fogo se têm multiplicado

O dia voltou a começar tenso e com violações do cessar-fogo. Por volta das 09:50 locais, às 06:50 em Lisboa, um posto de controlo fronteiriço em território russo, a menos de 150 metros de distância da fronteira com a Ucrânia, terá sido completamente destruído por um projétil explosivo.

A alegação foi feita pelo Serviço Federal de Segurança (o FSB, agência que sucedeu ao KGB) através de um comunicado, onde diz que “um obus não identificado disparado do território da Ucrânia destruiu completamente um posto de guarda fronteiriço”, cita a agência francesa AFP.

Um porta-voz das forças armadas ucranianas em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, negou qualquer fogo de artilharia contra o posto fronteiriço no setor de Rostov e referiu-se a um ato de desinformação russa. “Não podemos impedi-los de produzir esta falsa informação (…), mas insistimos que não estamos a disparar sobre nenhuma infraestrutura civil ou sobre a região de Rostov”, disse Pavlo Kovalchuk à AFP.

Algumas horas depois, as forças armadas russas afirmam ter destruído um conjunto de veículos armados ucranianos na região russa de Rostov, que faz fronteira com Donbass na Ucrânia. De acordo com a agência TASS, cinco pessoas que tentaram atravessar a fronteira para o lado russo foram mortas por militares russos e forças que estavam a guardar a fronteira.

Minutos depois, fonte oficial militar da Ucrânia desmentiu a notícia à agência Reuters, sublinhando que as forças de Kiev não estão presentes na região de Rostov.

Os Estados Unidos e vários países europeus têm alertado para a “encenação” de “operações de bandeira falsa” por parte das forças de segurança russa, de forma a justificar uma invasão à Ucrânia. 

Independência de Luhansk e Donetsk 

Pode vir a ser um dos motivos que precipita os países para um conflito. Os líderes das repúblicas separatistas de Luhansk e Donetsk, na região do Donbass, pediram ao presidente russo, Vladimir Putin, para reconhecer as regiões como independentes, de acordo com a agência Reuters.

Caso reconheça a independência desta região, Moscovo poderá enviar abertamente auxílio militar, com o pretexto de proteger as regiões separatistas da agressão ucraniana. 

Cimeira de Biden com Putin

Moscovo garantiu esta segunda-feira que não existem "planos concretos" para uma cimeira entre Vladimir Putin e o presidente norte-americano Joe Biden. Isto após o presidente francês, Emmanuel Macron, ter proposto o encontro, de forma a encontrar uma solução diplomática para o conflito na fronteira com a Ucrânia.

O anúncio foi feito pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que disse aos repórteres que "é prematuro falar sobre quaisquer planos específicos para a organização de qualquer tipo de cimeira". 

Citado pela agência de informação russa TASS, o representante da presidência russa classificou a situação na fronteira com a Ucrânia como "extremamente tensa" e que o intensificar das violações de cessar-fogo são causa de uma "preocupação profunda". "A situação é realmente extremamente tensa, e, até agora, não vemos sinais de diminuição do nível de tensão. Provocações e bombardeamentos estão a tornar-se cada vez mais intensos e, é claro, isso causa uma preocupação muito profunda", reforçou.

Reino Unido diz estar a preparar-se "para o pior cenário"

Após uma reunião com o secretário-geral da NATO, a ministra britânica dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, afirmou que uma invasão russa à Ucrânia é "altamente provável". Numa publicação no Twitter, a ministra afirmou que o Reino Unido e os seus aliados estão a preparar-se "para o pior cenário" e prontos para fazer com que a Rússia pague "um preço intolerável". 

Pouco tempo depois, um porta-voz do primeiro-ministro britânico disse aos jornalistas que os relatórios dos serviços de informação sugerem que o plano de Vladimir Putin para invadir a Ucrânia já começou. "A informação que estamos a ver sugere que a Rússia pretende lançar uma invasão e que o plano do presidente Putin já começou", disse o porta-voz aos jornalistas, acrescentando que é possível "observar elementos da cartilha russa".

Chanceler alemão vai falar com Putin

O chanceler alemão, Olaf Scholz, vai falar ao telefone com Vladimir Putin esta segunda-feira à tarde, de acordo com um anúncio feito pelo governo alemão, justificado pela intensificação do conflito com a Ucrânia.

Horas depois do anúncio, a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, para não "brincar com vidas humanas", numa altura em que muitos cidadãos de ambos os lados da fronteira têm as suas vidas ameaçadas por um possível conflito militar. "Apelo insistentemente ao governo russo e ao presidente russo: não brinque com vidas humanas!”, disse Baerbock em Bruxelas na chegada à reunião do Conselho Europeu dos Negócios Estrangeiros.

A ministra alemã classificou de "verdadeiramente irresponsável" o "jogo" que está a ser feito com a sociedade civil e com as pessoas que vivem nas áreas ocupadas. “Os ataques, o conflito violento que vivemos nas últimas 72 horas é realmente alarmante, o cessar-fogo está a ser interrompido repetidamente e as vidas das pessoas estão altamente ameaçadas por causa da interrupção do fornecimento de água e energia”, afirmou.

“Voltem para a mesa de negociação! Está nas vossas mãos. Estamos sentados à mesa a cada hora e a cada minuto", acrescentou.

Companhias aéreas suspendem voos para a Ucrânia

As companhias aéreas Lufthansa e Swiss Air anunciaram entretanto que vão suspender os voos com destino às cidades de Kiev e Odessa, devido aos receios de um conflito militar entre a Ucrânia e a Rússia. Horas depois, a transportadora francesa Air France cancelou dois voos com destino a Kiev marcados para esta terça-feira.

A segurança de nossos passageiros e tripulantes é nossa principal prioridade em todos os momentos", afirmou a companhia aérea alemã, Lufthansa, que acrescenta que a suspensão se manterá até ao final de fevereiro. 

A Swiss Air garante que os voos com destino a Kiev vão ficar suspensos até ao dia 28 de fevereiro, já a partir desta segunda-feira. Recorde-se que, na semana passada, a companhia aérea neerlandesa KLM suspendeu todos os voos para a capital ucraniana.

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