Concentração de tropas russas é a maior desde a Guerra Fria

Agência Lusa , MJC
18 fev 2022, 22:11

"A Rússia está claramente em posição, sem qualquer outra forma de aviso, de atacar a Ucrânia”, alertou Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO

A Europa está a ser confrontada com uma presença em massa de militares russos junto à fronteira com a Ucrânia, naquela que é a “maior concentração de forças militares” desde a Guerra Fria, referiu esta sexta-feira o secretário-geral da NATO.

“É muito mais do que manobras. A Rússia está claramente em posição, sem qualquer outra forma de aviso, de atacar a Ucrânia”, alertou Jens Stoltenberg em declarações ao canal de televisão alemão ZDF.

Os Estados Unidos estimaram hoje que, neste momento, a Rússia tem provavelmente entre 169.000 e 190.000 soldados destacados dentro e junto à fronteira da Ucrânia, incluindo forças separatistas, muito acima dos cerca de 100.000 a 30 de janeiro.

"Não há dúvida de que estamos a testemunhar a maior concentração de forças militares desde o final da Guerra Fria", referiu o responsável da Aliança Atlântica, à margem da Conferência de Segurança de Munique, a importante reunião anual sobre questões de Defesa que arrancou hoje naquela cidade do sul da Alemanha.

O secretário-geral da NATO sublinhou ainda que está a acompanhar de perto o debate ‘quente’, devido às tensões russo-ucranianas, que tem surgido na Suécia e na Finlândia sobre uma possível adesão destes países à NATO.

"Estamos a ouvir com muita atenção o que vem da Suécia e da Finlândia. Ainda não se candidataram à adesão, mas também não querem que a NATO feche a porta caso um dia queiram fazê-lo", apontou.

As autoridades norte-americanas e europeias estão em alerta máximo para quaisquer tentativas da Rússia para criar um pretexto para uma invasão da Ucrânia.

Nas últimas horas ocorreram graves violações do cessar-fogo estabelecido em 2015, ao abrigo dos Acordos de Minsk, no leste do país.

O exército ucraniano e os separatistas têm-se acusado hoje mutuamente de novos ataques no leste do país, tendo as autoridades ucranianas relatado 20 violações do cessar-fogo por separatistas durante a noite, enquanto os rebeldes pró-Rússia referiram ter contabilizado 27 ataques pelo exército ucraniano.

Observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) relataram um aumento significativo dos tiroteios, apontando 189 violações de cessar-fogo na região de Donetsk durante quinta-feira, o que representa um crescimento dos ataques em relação ao dia anterior, quando foram contabilizados 24.

As autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass ucraniano, ordenaram hoje a retirada em massa de civis para o território russo, alegando receio de um ataque do Exército ucraniano, apesar de Kiev desmentir qualquer intenção bélica.

De acordo com as autoridades de Donetsk, citadas pela agência russa Interfax, mais de 700.000 moradores da região estão a ser deslocados para a Rússia.

O governo ucraniano pediu hoje à comunidade internacional a condenação "imediata" das “provocações” da Rússia e dos separatistas pró-russos em Donbass, reiterando que não tem intenções bélicas em Donetsk e Lugansk.

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